11/12/2014 09:22 - Política
Radioagência
Quatro partidos entram com pedido de cassação de Bolsonaro
Quatro partidos deram entrada nesta quarta-feira com uma representação contra o deputado Jair Bolsonaro, do PP do Rio de Janeiro, por quebra de decoro parlamentar.
Na terça-feira, Bolsonaro, relembrando um episódio semelhante ocorrido em 2003, disse para a deputada Maria do Rosário, da tribuna do plenário, que não a estupraria porque ela não merecia.
As reações à declaração do deputado fluminense foram de indignação. Parlamentares, principalmente mulheres, criticaram o deputado com veemência. Os protestos se estenderam a movimentos sociais, que hoje estiveram na Câmara junto às deputadas para entregar a representação.
A coordenadora de juventude da União Brasileira das Mulheres, Maria Neves, lembrou que a incidência do crime de estupro no Brasil é muito alta e que ele não pode ser incentivado.
"A cada dez minutos uma mulher sofre estupro no país. É preciso combater esse mal que aflige ainda e violenta as mulheres brasileiras. Portanto, nós pedimos ao Conselho de Ética e Decoro da Câmara que seja aberta a 'comissão' para apurar, investigar e punir o deputado Jair Bolsonoro."
A Coordenadora da Bancada Feminina da Câmara dos Deputados, deputada Jô Moraes (PCdoB/MG), além da representação quer ir mais longe.
"Tiramos uma posição de repúdio, assinamos, mas estamos decidindo, no caso da coordenadora, entrar, inclusive, com alteração no Regimento do Código de Ética para que as agressões machistas sejam um agravante na avaliação dos processos a serem verificados."
Jandira Feghalli, deputada do PCdoB do Rio de Janeiro, disse que é preciso reagir.
"Dessa vez, depois de um histórico de agressões do deputado Bolsonaro, ele passou de qualquer limite. Então nós estamos aqui fazendo uma representação assinada por quatro partidos PCdo B, PT, PSol e PSB pedindo a cassação do mandato do deputado Jair Bolsonaro. Ou nós reagimos ou vai ser impossível a convivência."
Bolsonaro se defendeu e disse que o que pesa contra ele é sempre por motivo políticos, que os que o acusam são sempre os partidos defensores de direitos humanos de marginais. Segundo o deputado, o episódio de terça-feira ocorreu em função do que ele qualificou de "asneiras" ditas pela deputada petista.
"Eu apenas rememorei um fato ocorrido no passado, já que momentos antes ela ocupou a tribuna e falou um montão de asneiras no tocante à política de direitos humanos em nosso país." Repórter: "deputado, o senhor não teria falado novamente agora em plenário a mesma frase?". Deputado: "falei, repeti para ela, sim, porque ela falou besteiras no tocante à política de direitos humanos no país, onde ela sempre defende o bandido, o estuprador, o sequestrador, o assaltante, o homicida."
Jair Bolsonaro estuda a possibilidade de se defender atacando, representando contra as deputadas Maria do Rosário e Jandira Feghali, que o teriam chamado de marginal.
O presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar, disse que a representação será encaminhada à Mesa Diretora da Câmara, que é a instância responsável por abrir o processo, mas fez um alerta:
"A gente tem um prazo de 90 dias para concluir o processo, só que nós vamos ter um problema que é o final da legislatura. Então, provavelmente, este processo deve ser aberto agora, mas ele é arquivado ao final da legislatura, e aí tem de ser pedido o desarquivamento no início da nova legislatura."
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, já havia declarado, na própria terça-feira, que a Câmara não pode permitir esse tipo de comportamento e que tem que dar o exemplo nas relações, não só políticas, mas também pessoais.