29/10/2014 20:58 - Política
Radioagência
CPMI da Petrobras: diretor nega existência de cartel e propina na estatal
Em um depoimento sem novidades, o atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, afirmou nesta quarta-feira (29) que nunca ouviu falar em cartel de empresas para bancar esquema de propina na estatal, como foi citado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa. Costa foi preso pela Polícia Federal por suspeita de participar de esquema que teria desviado R$ 10 bilhões da petrolífera.
Cosenza acrescentou que jamais ouviu falar de pagamento de propina na Petrobras. Em áudio do depoimento de Costa, liberado pela Justiça do Paraná e divulgado pela imprensa, o ex-diretor diz que havia um esquema de propina de 3% do valor dos contratos, percentual que era destinado, em parte, segundo Costa, para atender a PT, PMDB e PP.
O atual diretor reconheceu que se encontrou com Paulo Roberto Costa três vezes, mas teria falado apenas de dúvidas no dia a dia da diretoria e nada relacionado a esquema de propinas.
Parlamentares da oposição reclamaram que as respostas de Cosenza foram muito evasivas. Para o deputado Rubens Bueno, do PPS do Paraná, o depoimento acabou esvaziado pelas respostas do diretor.
“É a ‘media training’ da Petrobras funcionando lamentavelmente, o governo abafando, blindando e não dando as mínimas condições para que tenhamos uma CPI que valorize o Legislativo e dê as condições para investigar adequadamente. É mais um episódio triste e lamentável que o governo faz através de seus diretores da Petrobras.”
Já o líder do PT no Senado, senador Humberto Costa, de Pernambuco, elogiou a "postura firme" de Cosenza nas respostas e disse não ver problema em o atual diretor ter falado com Paulo Roberto Costa durante a transição do cargo.
Cosenza defendeu sua gestão e falou que, depois de assumir, instalou duas comissões internas. Elas foram criadas para analisar os contratos da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), ambas sob investigação do Tribunal de Contas da União.
Depois do depoimento, os líderes da comissão discutiram a portas fechadas para finalizar um cronograma de trabalho. O relator do colegiado, deputado Marco Maia, do PT gaúcho, espera apresentar seu relatório final até 10 de dezembro e ter o texto votado até o dia 18 do mesmo mês.
“Eu vou apresentar uma proposta na semana que vem de cronograma na quarta-feira. Vamos ter duas, uma, três sessões por semana, vai depender do cronograma.”
Os trabalhos da comissão estão previstos para acabar em 21 de novembro, mas há um pedido de prorrogação para até 22 de dezembro. Para poder ser apreciada pelo Plenário do Congresso, a prorrogação precisa das assinaturas de 171 deputados e 27 senadores.
Maia confirmou que a próxima reunião, marcada para quarta-feira (5), deve ser administrativa, apenas para analisar requerimentos.