23/10/2014 14:40 - Transportes
Radioagência
Seminário discute soluções para melhoria da mobilidade ubana
O estopim das manifestações de junho de 2013 foi o descaso dos governos com a mobilidade urbana. As ruas, engarrafadas. Os ônibus, lotados e de péssima qualidade. Poucas ciclovias nas cidades. Metrôs sem a devida atenção dos poderes públicos. Esse é o cenário que faz parte da rotina dos brasileiros, sobretudo nos grandes centros urbanos.
Os recordes costumam acontecer em São Paulo: o paulistano passa em média cerca de três horas por dia no trânsito. Mas não é só lá: segundo o Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 20% dos trabalhadores das regiões metropolitanas brasileiras gastam mais de uma hora por dia no deslocamento de casa para o trabalho. Entre as causas estão o crescimento das cidades e a falta de investimento público no setor.
Segundo o consultor legislativo Eduardo Fernandes Silva , Rio de Janeiro e São Paulo estão entre as dez cidades mais congestionadas do mundo.
"Um dos pontos fundamentais para se melhorar a questão da mobilidade é organizar a maneira como a cidade cresce. Quando a gente constrói um bloco de escritório com 50 ou 60 escritórios, é necessário considerar que aquilo representa uma quantidade de carros e pessoas que se dirigirão ao prédio. Quando a gente abre uma escola, é uma quantidade grande de pessoas que se dirigirão a essa escola. Então, é necessário que tudo isso seja integrado de tal maneira que as pessoas possam ir ao seus destinos sem precisar de grandes deslocamentos, podendo, eventualmente ir até mesmo a pé."
Para o professor da Unb, Paulo César Marques da Silva, é preciso priorizar o transporte coletivo sobre o transporte individual:
"Não existe um remédio que vai resolver todas os problemas de qualquer cidade. As alternativas de mobilidade dependem de alguns princípios. O principal princípio é priorizar o transporte coletivo sobre o transporte individual e priorizar as pessoas sobre os veículos em termos do deslocamento. Este é o princípio. Agora, priorizar a participação das pessoas, das populações de cada cidade na elaboração de seus planos de mobilidade e da gestão do sistema de tranpsorte. Esse é o caminho. Não é uma receita que vamos aplicar a qualquer cidade. É envolver a sociedade na gestação das soluções e na gestão do sistema que forem daí concebidos."
Nesta semana, a Câmara dos Deputados, em parceria com a Universidade de Brasília, sediou o Seminário Internacional Mobilidade e Transportes e discutiu os principais temas relacionados à mobilidade sustentável nas cidades. O deputado Izalci, do PSDB do Distrito Federal, e membro da Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara, defendeu investimentos em planejamento estratégico para as cidades.
"Mesmo começando agora, você leva dez anos para implementar uma solução que a gente está discutindo aqui neste seminário. Mas é um primeiro passo. Acho que nós temos que fazer um planejamento estratégico global para o nosso Brasil e nossas cidades. Temos que sair da parte teórica e ir para parte prática. As pessoas estão perdendo a qualidade de vida."
No seminário também foi discutido tecnologias para o transporte urbano, financiamento da mobilidade, entre outros temas. O objetivo é contribuir para o avanço na discussão das soluções para a mobilidade e a gestão urbana.