09/10/2014 19:16 - Política
Radioagência
Oposição quer reunião de emergência da CPMI da Petrobras
Parlamentares da oposição cobram que a CPI Mista da Petrobras tenha uma reunião de emergência para falar sobre o depoimento do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa dado na quarta-feira (8) à Justiça Federal do Paraná.
Em áudio do depoimento, liberado nesta quinta-feira pela Justiça do Paraná e divulgado pela imprensa, Costa diz que parte da propina cobrada de fornecedores da estatal era direcionada para atender a PT, PMDB e PP.
Para o deputado Rubens Bueno, do PPS paranaense, a comissão precisa tomar posições imediatas.
"Agora vindo a público esses áudios do senhor Paulo Roberto Costa indicando todos os caminhos, valores e pessoas, a CPMI deve se reunir imediatamente, tomar posições imediatas para responder à altura o seu papel perante a sociedade brasileira como poder fiscalizador."
No áudio divulgado pela imprensa, Costa afirma que cada contrato fechado com as diretorias comandadas pelos três partidos deveria ter 3% destinado à propina. O depoimento foi dado ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da operação Lava Jato na primeira instância.
De acordo com as denúncias do ex-diretor, o PT recolheria para o seu caixa 100% da propina obtida nas diretorias que a sigla administrava, como as de Gás e Energia; Corporativa e de Serviços; e Exploração e Produção.
Já em diretorias comandadas pelo PP, 2/3 da propina ficaria com o PT e o restante com o partido aliado. A maior parte dos recursos, segundo Costa, ia para os partidos. Havia ainda uma parcela que ia para despesas de envio e notas fiscais. O restante ficava com Costa ou outro diretor responsável e um pouco ainda para o doleiro Alberto Youssef.
O PMDB também receberia parte da propina em contratos das diretorias que comandava, como a Internacional. O percentual, porém, não foi detalhado por Costa.
O presidente da CPMI da Petrobras, senador Vital do Rêgo, do PMDB paraibano, e o relator, deputado Marco Maia, do PT gaúcho, não foram encontrados para comentar sobre o caso. Parlamentares da base governista que integram a CPMI também foram procurados, mas não quiseram comentar ou não retornaram o contato.
Em nota, o PT contestou as informações passadas pelo ex-diretor. Segundo o partido, as declarações são "caluniosas" e todas as doações recebidas "seguem as normas legais e são registradas na Justiça Eleitoral".
O presidente do partido, Rui Falcão, lamentou que "estejam sendo valorizadas as palavras do investigado, em detrimento de qualquer indício ou evidência comprovada".
Para o deputado Marcelo Castro, do PMDB piauiense, que é vice-líder do seu partido, toda e qualquer denúncia deve ser investigada a fundo. Ele ressaltou, porém, que é preciso ter cuidado e responsabilidade para basear as ações da CPMI em provas.
"Estamos tratando de coisa séria, de denúncia de propina. Isso dá cadeia, isso dá perda de mandato. Isso acaba com a vida das pessoas. Então devemos ter o maior senso de responsabilidade possível e nos basearmos em provas cabais e não palavras ao vento, isso não quer dizer nada."
Paulo Roberto Costa chefiou a Diretoria de Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012. Ele foi preso em março pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, acusado de fazer parte de um esquema que teria desviado cerca de R$ 10 bilhões da estatal. Após fazer acordo de delação premiada com a Justiça, Costa foi autorizado a ficar em prisão domiciliar.