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A semente de soja com gene tolerante à seca poderá estar disponível no mercado em cinco anos. A previsão foi feita nesta quarta-feira [19] pelo professor Márcio Alves Ferreira [UFRJ] em palestra apresentada no Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara. Após os estudos realizados em laboratório, as plantas deverão ser testadas em campo e, depois, dependerão de liberação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança para sua comercialização.

Ferreira é responsável pelas pesquisas do projeto Genosoja, que pretende viabilizar o cultivo de soja em áreas com escassez de água, como as regiões do semiárido. Segundo o pesquisador, o aquecimento global irá desencadear eventos mais extremos de seca e a biotecnologia vegetal pode ser a solução para diminuir as perdas na agricultura. Para o professor, as espécies tolerantes à seca vão ampliar as fronteiras agrícolas:

"A partir do momento em que você caracteriza um gene que leva tolerância à seca e coloca isso em espécie cultivada, você pode levar a uma mitigação de secas em regiões que têm uma quantidade de água suficiente, como o Centro-Sul, ou então você pode colocar esse gene em plantas cultivadas como soja, feijão, cana de açúcar e possibilitar que essas plantas cresçam em áreas que não há quantidade de água suficiente como é o caso do semiárido nordestino."

Para o presidente do Centro de Estudos e Debates Estratégicos, deputado Inocêncio de Oliveira, do PR pernambucano, a comercialização dessas espécies vai trazer mais rentabilidade para a agricultura familiar.

"Uma coisa é fundamental: é fixar o homem no local onde viveu, onde nasceu, onde sabe fazer aquilo que fez a vida toda, que foi brocar, estocar, plantar e colher. Então eu acho que por tudo isso esse estudo é de fundamental importância. Gostaria de apressar isso, que fosse apressado esse estudo, para que o semiárido pudesse usufruir mais cedo desses benefícios que serão ensejados por essas plantas geneticamente modificadas."

Márcio Ferreira apresentou o projeto original que descobriu um gene tolerante à seca presente no café, protegendo a planta contra a falta d'água. O trabalho gerou o depósito de patente desse processo entre a UFRJ e Embrapa que está sendo utilizado para a obtenção de outras espécies tolerantes a seca como a soja, a partir da manipulação genética.