04/07/2012 16:39 - Meio Ambiente
Radioagência
Ibama e padarias apoiam projeto que substitui forno a lenha por fonte alternativa de energia
Ibama e a indústria de panificação concordam sobre a necessidade de um programa nacional de substituição de madeira nativa por outras fontes energéticas, como gás e eletricidade, nos fornos usados por padarias e pizzarias. Na Câmara, o assunto é objeto de projeto do deputado Márcio Macêdo, do PT de Sergipe (PL 806/2011). A proposta está na Comissão de Desenvolvimento Econômico, onde foi discutida em audiência pública.
Segundo José Jofre Nascimento, da Abip, Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria, existem no mercado opções até mais eficientes do que os fornos a lenha. O problema é que, no caso das padarias, principalmente do interior, as empresas não conseguem arcar com o custo da substituição.
"Muitas delas não têm muito acesso à informação. Estão em áreas de interior ou suburbanas, em que o próprio empreendedor está muito ligado a seu negócio, ao seu dia a dia, e não tem muito tempo ou condição para fazer essa mudança."
De acordo com Jofre Nascimento, cerca de 20% das padarias do país usam forno a lenha, o equivalente a 15 mil empreendimentos. Parte dessa madeira, segundo ele, vem de florestas plantadas, serragem compactada ou restos de construção. Mas ainda existem casos de uso de vegetação nativa, principalmente da caatinga e do cerrado.
Ao não conseguir comprovar a origem da madeira usada nos fornos, padarias e pizzarias estão sujeitas a autuações pelos órgãos ambientais. O Ibama admite, no entanto, que faltam políticas públicas para ajudar o setor a se regulamentar. Hanry Coelho, da Diretoria de Floresta do Ibama, diz que o projeto do deputado Márcio Macêdo é um caminho.
"A posição do Ibama é de apoio a esse programa."
Em Sergipe, segundo Márcio Macêdo, um programa de substituição de fornos a lenha em padarias e pizzarias, com linhas de crédito específicas, tem dado bons resultados.
"Há experiência bem sucedida. A matriz está sendo mudada, já em quase 100%. O setor está produzindo, continua se fortalecendo e contribuindo para preservação ambiental."
Por enquanto, o relator da proposta, deputado João Maia, do PR do Rio Grande do Norte, tem parecer contrário ao projeto. Maia argumenta que não está clara a participação no programa dos bancos públicos de financiamento.
"Aprovar sem fonte de financiamento - me desculpe a expressão - é 'ouro de tolo'. Tem que trazer BNB, BNDES, agências de fomento, para que o pequeno empresário possa ter incentivo para substituir a lenha por uma energia alternativa."
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e o BNDES foram convidados para a audiência pública, mas não mandaram representantes.