Trabalho, Previdência e Assistência

Deputados vão acompanhar negociação salarial entre governo e peritos do Incra

Secretário diz que Planejamento dificilmente fará proposta diferente da rejeitada pelos servidores no ano passado. Deputada defende “pressão legítima” sobre o Executivo para garantir aumento pedido pela categoria.

18/04/2013 - 15:02  

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre a situação dos peritos federais agrários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Presidente da CTASP, dep. Roberto Santiago (PSD-SP)
Roberto Santiago: grupo pretende participar "ativamente" das negociações.

O presidente da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, deputado Roberto Santiago (PSD-SP), decidiu, nesta quinta-feira (18), criar um grupo de trabalho, a fim de acompanhar as negociações para aumento salarial dos peritos federais agrários – servidores do Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária (Incra) – com o governo.

“Vamos constituir o colegiado para participar ativamente das negociações coletivas”, disse Santiago. Os integrantes do grupo de trabalho ainda não foram definidos. Representantes dos servidores e do Executivo participaram, na Câmara, de audiência pública para analisar a situação dos peritos agrários.

Na opinião da deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP), que solicitou o debate, é importante os parlamentares fazerem uma “pressão legítima” sobre o governo para garantir o aumento pedido pela categoria. “A mobilização deve continuar porque isso vai dar resultado”, afirmou aos servidores. O Ministério do Planejamento terá uma reunião com os peritos no dia 9 de maio com o objetivo de tentar um acordo.

Equiparação
Os 1.200 peritos agrários (entre ativos, aposentados e pensionistas) querem equiparação com a carreira de fiscal federal agropecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Os dois cargos são exercidas por engenheiros agrônomos e, atualmente, o salário dos peritos vai, em início de carreira, de R$ 5 mil a R$ 7,5 mil, o que corresponde a cerca de 40% dos ganhos dos fiscais.

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Audiência pública sobre a situação dos peritos federais agrários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Vice-presidente do Sindicato Nacional dos Peritos Federais Agrários, Sávio Silvestre Feitosa
Feitosa: salário dos peritos agrícolas é inferior ao de outras carreiras similares.

O vice-presidente do Sindicato Nacional dos Peritos Federais Agrários, Sávio Feitosa, explicou que os peritos não aceitaram o aumento proposto pelo governo em 2012 para todas as carreiras federais de 15,8% em três anos, porque não resolveria a diferença salarial existente hoje. “Nosso salário continua muito aquém das outras carreiras de Estado. A remuneração é inferior à de técnico agrícola do MAPA”, ressaltou. Os peritos agrários foi uma das cinco categorias que não acataram o acordo de 2012 de reajuste com o Executivo.

Mesma proposta
Já o secretário de Relações do Trabalho no Serviço Público do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, disse que, dificilmente, o governo fará uma proposta diferente da rejeitada pelos servidores no ano passado. “Qualquer tentativa de equalizar isso vai demorar um tempo maior e vai ter de indicar uma discussão na negociação um pouco mais complexa”, declarou.

A proposta do Executivo dava um aumento de pouco mais de 30% para o topo da carreira, contra os 15,8% concedidos em três anos para a maior parte dos servidores federais.

O deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE) questionou a inviabilidade do governo em conceder a isonomia aos cargos. Ele lembrou que o orçamento do Ministério de Desenvolvimento Agrário, do qual o Incra faz parte, reduziu de 1% do montante total federal em 2003 para 0,8% em 2012. “Não há incapacidade fiscal para se caminhar para uma isonomia. Vamos trabalhar para retomar o patamar que tínhamos em 2004”, afirmou.

Incra
O Incra é uma autarquia federal criada em 1970 com a missão prioritária de realizar a reforma agrária, manter o cadastro nacional de imóveis rurais e administrar as terras públicas da União. A instituição é dividida em 30 superintendências regionais espalhadas pelo País. Cerca de 50 servidores acompanharam o debate na comissão nesta quinta.

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Marcelo Oliveira

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