Segurança

Associação de familiares busca solução para demora do poder público

10/02/2014 - 11:19  

Fernando Frazão/Agência Brasil
Cidades - Geral - protesto incêndio boate Kiss
Familiares reuniram-se no fim de janeiro para lembrar parentes e amigos que morreram na tragédia.

Após a tragédia da boate Kiss em Santa Maria (RS), foi criada a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria para reunir e organizar os familiares das vítimas e sobreviventes.

Seu objetivo é auxiliar no amparo das famílias, lutar pelos direitos e interesses delas, exigir alteração na legislação e evitar que outras tragédias como essa ocorram. Uma resposta dos cidadãos à demora do poder público em tomar providências efetivas e, também, da Justiça em punir os culpados.

A associação possui uma equipe voluntária determinada a ajudar todos os que sofreram com a tragédia. Criada em 23 de fevereiro de 2013, a associação recebe apoio de inúmeras pessoas, como estudantes, profissionais de diversas áreas, entre outros.

Cuidados especiais dos sobreviventes
O presidente da associação, Adherbal Alves Ferreira, ressalta o papel na luta pelos direitos das vítimas e dos sobreviventes da tragédia. Uma das grandes conquistas foi conseguir, junto ao Ministério da Saúde, medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS) para os sobreviventes que necessitam de cuidados especiais.

Fernando Frazão/Agência Brasil
Adherbal Ferreira - Boate Kiss
Adherbal Ferreira: busca por tratamento para os sobreviventes do incêndio.

"Hoje, no nosso site, o sobrevivente pode reclamar, vai no canal direto que vai para o Ministério da Saúde, mais quatro coordenadorias, que é da parte dos remédios e da parte do município, que é a Casa do Acolhimento”, explica Adherbal.

“Houve uma melhoria nesse sentido. De acordo com o que a gente se propôs, e depois que estive em Brasília e conversei com o Ministério da Saúde, as vítimas estão tendo apoio. Até mesmo porque existe esse canal direto, e se não houvesse, nós seríamos os primeiros a bater em cima.”

Mudança nas pessoas
Outro exemplo da reação da sociedade civil à tragédia é de Ogier Vargas Rosado. Ele é pai de Vinícius Rosado, que resgatou 14 pessoas antes de morrer. Rosado criou a associação "Ahh, muleke". Segundo ele, a grande mudança que precisa ser feita é nas pessoas.

"A associação 'Ahh Muleke' reúne quatro jovens, e a gente faz ações sociais, ajudando pessoas, animais, meio ambiente e trabalha com prevenção. A gente entende, como pai, que tem essa responsabilidade. Eu não posso ter essa utopia de deixar só na mão dos poderes, seja municipal, estadual ou federal, porque o sistema é muito implicado, e o que matou nossos filhos foi o sistema. Então, a gente puxa força disso, da história do meu filho, do que ele fez, e se ele não desistiu e voltou tantas vezes, eu não posso desistir”, afirma Ogier.

“Então a gente continua lutando aqui tentando melhorar um pouquinho, porque eu disse, no primeiro dia da tragédia, quando me entrevistaram, que a grande mudança que eu espero neste País é nas pessoas. Se as pessoas não mudarem, nada vai mudar”, destaca Ogier. “E nós temos aí um conflito de quem manda. A prefeitura fecha, a Justiça manda abrir, o estado fecha, a Justiça abre, e tem liminar... Enquanto não houver uma forma linear de tratar isso, vai continuar acontecendo tragédias."

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Newton Araújo

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