Saúde

Especialista afirma que há relação entre o zika vírus e a microcefalia

O epidemiologista Cesar Victora defende, porém, que o perímetro encefálico para identificação da microcefalia seja reconsiderado

03/03/2016 - 10:31  

Lucio Bernardo Junior / Câmara dos Deputados
Audiência Pública e Reunião Ordinária
Para Victora, no momento é fundamental investir em pesquisa para entender a epidemia, e é preciso cautela na realização de tomografia em crianças para diagnóstico de microcefalia

Especialista em epidemiologia garante que existe uma relação direta entre o zika vírus e a microcefalia. A afirmação foi feita pelo doutor em epidemiologia, Cesar Gomes Victora, durante audiência pública realizada pela comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha das ações relacionadas ao zika vírus e à microcefalia.

De acordo com Cesar Victora, apesar dos 600 casos já confirmados, a incidência da microcefalia é baixa em relação ao número de nascimentos no País, que foi de 3 milhões no último ano. Para ele, nesse momento, o mais importante é investir em pesquisa para que os médicos e cientistas possam entender o funcionamento da epidemia.

O médico defende, contudo, que os exames de tomografia só sejam realizados em crianças com perímetro encefálico abaixo de 30,7 cm, como forma de evitar a exposição desnecessária de crianças que não têm microcefalia à radiação.

"Houve uma evolução no Brasil. Se começou com o ponto de corte de 33 cm, agora se baixou para 32 cm, e estamos com a perspectiva de reduzir mais ainda para identificar realmente as crianças que têm microcefalia devido ao vírus zika e não apenas aquelas crianças normais que tem uma cabeça pequena”, disse Victora.

Segundo ele, “ainda vai sair uma nova recomendação do ministério [da Saúde] muito em breve, baseada na recomendação da OMS e que preconiza que o exame de tomografia só seja realizado em crianças com cabeças bem menores, abaixo de 31 cm, variando em menino e menina".

Trabalho de campo
O coordenador da comissão externa, deputado Osmar Terra (PMDB-RS), que é médico, afirmou que a audiência serviu de apoio para que os deputados possam começar o trabalho de campo a partir da próxima semana.

"Vamos buscar os lugares onde o problema está mais grave e ver o que está sendo feito para poder detectar os gargalos, e em que a Câmara dos Deputados pode ajudar para melhorar esse quadro grave da epidemia no Brasil”, informou Terra.

Na próxima semana, a comissão externa irá para a Bahia e depois deve visitar a Paraíba, São Paulo e o Rio de Janeiro.

Reportagem - Karla Alessandra
Edição - Marcia Becker

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