Saúde

Doador de sangue pode ficar desobrigado de informar opção sexual

23/01/2009 - 13:07  

A Câmara analisa o Projeto de Lei 4373/08, da deputada Sueli Vidigal (PDT-ES), que proíbe questionamentos sobre opção sexual a doadores voluntários de sangue. De acordo com a proposta, o laboratório coletor de sangue deverá somente verificar o nível de vulnerabilidade a doenças sexualmente transmissíveis.

O texto torna obrigatória a afixação da nova regra em local de fácil visualização nos postos ou laboratórios de coleta de sangue e triagem clínica. Pela proposta, o Poder Executivo terá 90 dias para regulamentar a lei, em caso de aprovação.

Demanda por sangue
Sueli Vidigal lembra que o Brasil tem uma demanda diária de mais de 5,5 mil bolsas de sangue. Por isso, as campanhas destinadas ao convencimento dos cidadãos a doar sangue, segundo ela, são recorrentes. "É permanente a necessidade de doadores de sangue para manter abastecidos os bancos especializados, mas a necessidade é proporcionalmente muito superior à oferta", constata.

Na opinião de Sueli Vidigal, a prática rotineira de questionar o doador sobre sua opção sexual é preocupante e insustentável. Segundo ela, quando identificados pelo questionamento prévio, doadores homossexuais são imediatamente rejeitados.

Justificativa da Anvisa
Segundo a deputada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) justifica a recusa dessas pessoas como doadoras, argumentando que evidências científicas apontam homossexuais como segmento de alto risco, mais sujeitos às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

"Essa argumentação, por si só, é preconceituosa", alerta Sueli Vidigal. Para ela, a opção sexual não pode ser relevante em detrimento das vidas que podem ser salvas. "O que deve ser observado nos locais de coleta é a qualidade do sangue a ser doado", argumenta.

No entendimento da parlamentar, não há impedimentos legais para que homossexuais sejam até doadores de órgãos. "Qual a justificativa então para que não possam ser doadores de sangue?".

Tramitação
O projeto será analisado em caráter conclusivo pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Notícias anteriores:
Homossexuais vão lutar por reconhecimento de união estável
Requerimento pede votação de projeto sobre união civil
Entidades de direitos humanos apóiam regras para adoção
Frentes protestam contra criminalização da homofobia
Companheiro homossexual poderá ser dependente no IR
Trabalho aprova inclusão de parceiros gays na Previdência

Reportagem - Adriana Resende/MR
Colaboração - Rayane Mello

(Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura `Agência Câmara`)

Agência Câmara
Tel. (61) 3216.1851/3216.1852
Fax. (61) 3216.1856
E-mail:agencia@camara.gov.br

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.


Sua opinião sobre: PL 4373/2008

Íntegra da proposta