Relações exteriores

Representante do governo federal defende ingresso da Bolívia no Mercosul

08/08/2017 - 19:38  

O diretor do Departamento do Mercosul do Ministério das Relações Exteriores, Otávio Brandelli, considerou positiva a adesão da Bolívia ao bloco. A afirmação foi feita durante audiência pública realizada, nesta terça-feira (8), pela Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul).

O encontro teve como objetivo analisar o protocolo de ingresso do país andino no bloco econômico. O texto foi assinado em 17 de julho de 2015, durante reunião de cúpula realizada em Brasília. De acordo com Otávio Brandelli, o fator geográfico e as significativas reservas de gás e de lítio são os principais motivos que demonstram que a Bolívia será um grande parceiro para o Brasil e para a América Latina.

Fronteira
Otávio Brandelli lembrou que a fronteira entre o Brasil e a Bolívia é a maior fronteira terrestre brasileira, alcançando mais de 3,4 mil quilômetros de extensão.

O diretor acrescentou que a Bolívia é o principal fornecedor de gás natural (mais de 90% das exportações) e lítio para o Brasil. O mineral é essencial à fabricação de baterias utilizadas pela indústria eletrônica. “Revela-se justificável, portanto, haver uma política de integração entre as duas nações”, disse.

Brandelli elogiou ainda o êxito da Bolívia nas políticas macroeconômicas no que diz respeito ao controle da inflação, do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e da relação PIB/dívida.

Trâmite
A audiência pública foi a primeira etapa do processo de ratificação do texto de adesão. A matéria está prevista para ser votada pela representação brasileira no próximo dia 16. Depois, terá de ser examinado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado.

Conforme o protocolo, a Bolívia terá quatro anos, a partir da data de sua entrada no bloco, para adotar a Nomenclatura Comum do Mercosul, a Tarifa Externa Comum e o Regime de Origem do Mercosul.

O debate foi solicitado pelo presidente da representação brasileira, deputado Celso Russomanno (PRB-SP). Ele não acredita que a recente suspensão da Venezuela do bloco influencie o processo de adesão da Bolívia e destaca que o Paraguai também foi suspenso anteriormente e hoje é um exemplo dentro do Mercosul.

“O Paraguai cresce assustadoramente, com uma economia forte, com muitas empresas. É assim que a gente pretende que o Mercosul cresça.”

O texto da Mensagem 234/16, do Poder Executivo, está sob relatoria da senadora Fátima Bezerra (PT-RN), que já apresentou voto pela aprovação.

Críticas
A adesão da Bolívia não é totalmente aceita pelos demais países do Mercosul. A própria relatora aponta em seu voto os três principais argumentos contrários: a desapropriação pelo governo de Evo Morales de ativos da Petrobras na Bolívia; as alegadas imperfeições do regime democrático boliviano, colocando-o em desacordo com o Protocolo de Ushuaia; e a possível criação de obstáculos, pelo governo boliviano, à celebração de acordos entre o Mercosul e demais países e blocos regionais.

Da Redação – MO
Com informações da Agência Senado

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