Relações exteriores

Parceria com Japão é destacada em audiência pública

21/06/2017 - 14:45  

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Audiência pública das comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) e de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS) para comemoração dos 109 anos de imigração japonesa e discussão sobre assuntos de interesse das duas Nações. Dep. Luiz Nishimori (PR-PR)
Luiz Nishimori destacou a colaboração do Japão para o desenvolvimento do Brasil

Deputados brasileiros e representantes do governo japonês expressaram o desejo de aprofundar cada vez mais a parceria entre Japão e Brasil. Em audiência pública que comemorou os 109 anos de imigração japonesa para o Brasil (18 de junho de 1908), eles destacaram a cooperação entre os dois países que resultaram em projetos nos setores agrícola, siderúrgico, de construção naval, de alumínio e de celulose, entre outros.

Exemplos de parcerias incluem o Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento Agrícola dos Cerrados (Proceder), o Projeto para Carajás, a Usiminas e a Alumínio do Amazonas.

“O nosso relacionamento de cooperação teve início há 58 anos, quando foi enviado ao Brasil um perito japonês na área da agricultura. Tivemos também participação no projeto de siderurgia da Usiminas, que simboliza as relações entre Brasil e Japão”, informou o representante da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), Akio Saito.

Ele participou da audiência promovida pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, em conjunto com a Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços. O debate foi solicitado pelo deputado Luiz Nishimori (PR-PR), que destacou a colaboração do governo japonês para o desenvolvimento do Brasil.

Treinamento e empréstimos
Akio Saito destacou ainda que, desde 1961, quase onze mil técnicos brasileiros participaram de treinamento no país asiático. Também foram feitos empréstimos de 3,4 bilhões de dólares a diferentes setores no Brasil. “Esses projetos não só possibilitaram a exportação de produtos com valor agregado, mas significaram a capacitação constante de recursos humanos no setor produtivo”, disse.

A ministra Cecília Kiku Ishitani, do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, afirmou que o Japão é o parceiro mais tradicional do Brasil na Ásia, em uma relação diplomática que começou há 122 anos, quando foi assinado o Tratado de Amizade e Relações Diplomáticas que abriu caminho para a imigração japonesa.

“Atualmente o Japão possui o sexto maior estoque de investimentos diretos no Brasil. Aqui se concentram mais de 700 empresas japonesas que atuam principalmente nos setores de siderurgia, mineração, automobilístico, de energia e transporte”, listou Ishitani.

Livre comércio
Os deputados nipo-brasileiros Walter Ihoshi (PSD-SP) e Takayama (PSC-PR) esperam um estreitamento ainda maior da relação. Ihoshi deseja a assinatura, um dia, de um acordo de livre comércio entre Brasil e Japão.

Já Takayama, que é presidente da Frente Parlamentar Brasil-Japão, pediu mais atenção do governo japonês à quarta geração de nipo-brasileiros no que diz respeito a vistos de trabalho e ainda a produtos agropecuários, como as carnes suína e bovina produzidas por frigoríficos brasileiros.

Laços humanos
Além da parceria econômica, os participantes da reunião destacaram a relação de amizade entre Brasil e Japão, decorrente em grande parte do fato de o Brasil possuir hoje a maior colônia de japoneses e descendentes fora do Japão, com quase dois milhões de nipo-brasileiros. O país asiático, por outro lado, é moradia hoje de quase 200 mil brasileiros, a terceira maior comunidade do país sul-americano no exterior.

O embaixador do Japão no Brasil, Satoru Satoh, lembrou as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes japoneses ao aportar 109 anos atrás em uma terra onde tudo era diferente – o ambiente, a língua, os costumes. “Mesmo enfrentando dificuldades, os imigrantes japoneses dedicaram-se ao trabalho, sem perder sonhos e esperanças”, disse.

Esse trabalho, prosseguiu Satoh, continuou com os descendentes dos japoneses que chegaram ao Brasil, do qual Cecília Kiku Ishitani é testemunha. Segundo a diplomata, a assimilação dos imigrantes japoneses se deu de maneira ampla e difusa no Brasil, com descendentes atuando em diversas as áreas da economia. No Itamaraty, disse, existem hoje 24 diplomatas nipo-brasileiros, sendo mais da metade mulheres.

“A imigração japonesa teve viés de saga, além de muitos exemplos de superação. Houve privação de pais, avós e bisavós, mas também perseverança, valorização do trabalho, da família e do bem-estar coletivo”, declarou Ishitani.

Reportagem – Noéli Nobre
Edição - Sandra Crespo

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