Relações exteriores

Embaixador defende novo modelo de negociação de acordos comerciais no Mercosul

Alguns parlamentares não acreditam que o acordo com a União Europeia seja lucrativo para o país por considerarem que os europeus não possuem interesse em importar produtos agrícolas brasileiros.

12/08/2015 - 20:38  

Ana Volpe/Agência Senado
Embaixador Regis Arslanian na reunião da Representação Brasileira no Parlasul
Arslanian: hoje, quando um parceiro propõe acordo comercial com outro país, fala-se em redução tarifária, mas, sobretudo, em convergência das normas, em regras.

As dificuldades para construir um acordo entre o Mercosul e a União Europeia dominaram o debate, nesta quarta-feira (12), com o embaixador Regis Percy Arslanian na Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul).

Segundo Arslanian, para que haja um acordo entre os dois blocos, é preciso que o Mercosul redesenhe o seu modelo negociador. O embaixador foi chefe negociador comercial do Brasil nas negociações do Acordo de Livre Comércio das Américas (Alca) e do Acordo de Livre Comércio entre Mercosul e União Europeia.

O embaixador explicou que a liberalização tarifária proposta nas negociações internacionais pelo Mercosul, com o simples acesso a mercado, já é considerada insuficiente para parceiros comerciais relevantes.

Os acordos comerciais modernos, ressaltou, exigem também convergências normativas e regulatórias. “Hoje em dia, quando um parceiro propõe um acordo comercial com outro país, fala-se em redução tarifária, mas fala-se, sobretudo, em convergência normativa, em regras. Nós não podemos pretender ser os únicos no mundo a não aceitar regras nas nossas negociações comerciais”, disse.

Acordo
Regis Arslanian defendeu o acordo entre os dois blocos e afirmou que as negociações comerciais são peças fundamentais para a competitividade dos países no mundo atual. O embaixador também ressaltou que a integração do Brasil com os seus vizinhos é importante e que seria muito negativo o Brasil fazer um acordo sozinho com a União Europeia.

O deputado José Fogaça (PMDB-RS) também defendeu a necessidade de o Brasil se desfazer de seus preconceitos em termos de velhos padrões de negociações internacionais. O parlamentar afirmou que o País está em fase de mudanças na qual é fundamental uma aproximação comercial com países desenvolvidos. “Não significa aceitar todas as exigências externas, mas, sim, nos despojarmos de preconceitos”, disse.

Agricultura
Na opinião de Arslanian, o Mercosul também precisa deixar de ter a agricultura como ponto principal da negociação comercial. Ele avalia que os tempos mudaram e os países europeus não querem fazer rodadas de negociações em que a agricultura é a peça central. “Claro que a agricultura sempre terá que entrar em uma negociação comercial, mas nós não podemos colocar a agricultura como pré-condição de uma negociação comercial. As concessões agrícolas virão como um resultado do pacote final da negociação”, disse.

Já o senador Roberto Requião (PMDB-PR) e o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) não acreditam que o acordo seja lucrativo para o país. Segundo os parlamentares, os europeus querem um acordo apenas de venda, já que não possuem interesse em importar produtos agrícolas brasileiros.

Requião ressaltou ainda que a União Europeia é composta por 28 países, o que resulta na impossibilidade de uma proposta comum para ser apresentada ao Mercosul.

Da Redação – RCA
Com informações da Agência Senado

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