Relações exteriores

Deputado critica Justiça dos EUA por favorecer 'fundos abutres' contra Argentina

Os fundos especulativos que detêm dívidas da Argentina são chamados pelo país vizinho de “fundos abutres”.

15/07/2014 - 16:06  

Sefot
Newton Lima
Newton Lima: decisão dos Estados Unidos é injusta e põe em dúvida a possibilidade de se reestruturar dívidas.

O presidente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul), deputado Newton Lima (PT-SP), ocupou a tribuna do Plenário da Câmara, nesta terça-feira (15), para criticar a decisão da Justiça dos Estados Unidos de favorecer os fundos especulativos norte-americanos, no pagamento da dívida da Argentina.

“Além de claramente injusta, a decisão da Justiça dos Estados Unidos põe em dúvida a possibilidade de se reestruturar dívidas, o que é uma prática normal dos mercados financeiros”, afirmou Newton Lima. Com a decisão da Justiça dos EUA, o total da dívida argentina saltou de 15 bilhões para 120 bilhões de dólares.

Em 2001, a Argentina decretou moratória da sua dívida externa. Entre 2005 e 2010, o país conseguiu articular uma reestruturação da dívida com 93% dos credores. Foram concedidos descontos de até 70% para o resgate dos títulos antigos pelo estado argentino, quer foram substituídos por papéis novos.

Crise econômica
Segundo Newton Lima, como resultado da reestruturação, a economia do país vizinho começou a crescer 8% ao ano. A situação fiscal melhorou, e o país passou a acumular superávits fiscais. Porém, 7% dos credores, entre eles, os fundos especulativos, também chamados de “fundos abutres” pelos argentinos, não aceitaram a negociação.

Esses fundos travam uma batalha judicial contra a Argentina para receber 100% do valor dos títulos. “São os mesmos fundos americanos que levaram o mundo à maior crise econômica em 80 anos e que, desde 2008, vem provocando recessão, desaceleração econômica e desemprego em muitos países. O Brasil, em função de sua política econômica anticíclica, também sofreu impacto, mas é reconhecida exceção”, afirmou Newton Lima.

No último dia 16 de junho, a Corte Suprema dos Estados Unidos negou recurso apresentado pela Argentina para revisar a decisão de um juiz de Nova York que determinou pagamento prioritário aos fundos, em detrimento dos 93% dos credores que aceitaram negociar a dívida. A Argentina possui atualmente reservas internacionais em torno de 29 bilhões de dólares.

Na semana passada, o Parlasul aprovou uma declaração de apoio à Argentina em sua disputa contra os fundos especulativos.

Da Redação – NA
Com informações da assessoria de imprensa da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul.

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