Política e Administração Pública

Líderes comentam decisão de negar abertura de processo contra Temer

Governistas falam em "página virada" e defendem agenda de reformas, enquanto oposição vê "Brasil sem rumo" até as próximas eleições

25/10/2017 - 22:24  

Governistas comemoram decisão da Câmara de negar autorização (SIP 2/17) para o Supremo Tribunal Federal (STF) processar, por crime comum, o presidente da República, Michel Temer, e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral). Base aliada fala em "virada de página", enquanto a oposição vê "Brasil sem rumo" até as eleições de 2018.

Vice-líder do governo, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) lamentou o "tempo perdido" com a sucessão de denúncias e projetou uma nova fase do governo Temer.

Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Sessão para analisar denúncia contra Michel Temer e Ministros
Oposição levanta cartazes durante votação do pedido de investigação

"Vamos encerrar hoje esse triste capítulo da política brasileira, que começou em maio, em um conluio entre corporações públicas egoístas que se uniram a empresários inescrupulosos. O governo sai revigorado e com uma pauta forte: 'agora, avançar'. E vêm imediatamente a reforma da Previdência, a simplificação tributária e outras reformas microeconômicas", destacou.

Também pensando em ações futuras do governo Temer, o deputado Pauderney Avelino (AM), vice-líder do DEM, disse que o foco a partir de agora será a busca de solução principalmente para os problemas econômicos do País.

"Nós vamos buscar uma agenda de matérias urgentes e necessárias, passando pela discussão das questões fiscais do Brasil, segurança pública, mais recursos e melhoria na qualidade da saúde pública e, obviamente, continuar trabalhando no rumo certo da educação e das reformas", defendeu.

Já a oposição não vê condições políticas de Temer conduzir o governo até as eleições do próximo ano. O líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), prevê o agravamento da situação das contas públicas devido às recentes decisões de Temer para agradar sua base aliada na Câmara.

"Qual é o Brasil que vai amanhecer amanhã? Com um governo sem base social, um governo que só tem uma maioria parlamentar, mas que não tem base nenhuma na sociedade brasileira para tomar medidas que possam retomar o crescimento da economia brasileira. Calcula-se que são R$ 33 bilhões que foram negociados com Refis e tudo aquilo que vai arruinar ainda mais as contas da Presidência da República", avaliou.

Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Sessão para analisar denúncia contra Michel Temer e Ministros
Wladimir Costa manifesta apoio a Temer

A líder do PCdoB, deputada Alice Portugal (BA), seguiu a mesma linha de crítica. "Estamos vivendo uma desordem administrativa e política. Temos hoje esse dublê de presidente da República defenestrando a soberania e as riquezas nacionais com perdão de dívida de ruralistas, leniência elástica para os bancos, anistia das multas de crimes ambientais e os cortes nas áreas sociais", lamentou.

Emendas
O líder do PT, deputado Carlos Zarattini (SP), criticou a votação, dizendo que o governo teve de gastar muito dinheiro em liberação de recursos para comprar um resultado semelhante à primeira denúncia. Foram 12 votos a menos a favor de Temer, o que na avaliação da oposição mostra uma crise na base. “E ainda perderam votos, mesmo gastando bilhões, diante desse esforço foi um resultado muito ruim, e mostra que o governo não conseguirá votar mais nada na Câmara”, disse.

Em resposta, o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), que é ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República e se licenciou para votar no processo, disse que é normal a liberação de recursos para deputados, e que como as emendas parlamentares agora são impositivas elas são liberadas para todos, independentemente da votação. “Historicamente sempre foi assim, e há uma análise de mérito para cada demanda”, disse.

Reportagem - José Carlos Oliveira e Marcello Larcher
Edição - Geórgia Moraes

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.


Íntegra da proposta