Política e Administração Pública

Aliados e oposição avaliam estratégias após denúncia contra Temer chegar à Câmara

A denúncia, entregue pelo Supremo Tribunal Federal nesta manhã, deve ser lida ainda hoje no Plenário; em seguida o primeiro secretário, deputado Giacobo, notificará o Palácio do Planalto

29/06/2017 - 12:37  

Parlamentares do governo e da oposição discutem cenários e estratégias após a chegada da denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva, encaminhada nesta quinta-feira (29) pelo Supremo Tribunal Federal. Há expectativa de que Janot encaminhe mais duas denúncias contra Temer, uma por obstrução da Justiça e outra por organização criminosa.

O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) defendeu que as denúncias sejam analisadas separadamente. Molon também propôs que o Congresso não entre em recesso no mês de julho para que os parlamentares possam continuar analisando o caso. No documento, Janot pede que o STF condene Temer à perda do mandato e ao pagamento de multa de R$ 10 milhões.

“Não é razoável que o País esteja à deriva e os parlamentares saiam para descansar na metade de julho. O governo pode querer jogar com o recesso para juntar as denúncias e tentar de forma ilegal impedir que sejam apreciadas separadamente. Se o governo tentar isso, vamos à Justiça para garantir que os processos não parem”, disse Molon.

O deputado Ivan Valente (Psol-SP) também quer tempo para o debate e defende a análise separada das denúncias. “Cada processo é um, corrupção passiva é um, formação de quadrilha é outro e obstrução da justiça é outra”, afirmou.

Unificação das denúncias
Vice-líder do governo, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) rebateu a oposição e afirmou que o governo pode esperar para juntar as denúncias e votar todas de uma vez. Segundo Perondi, o governo tem votos suficientes para barrar a denúncia contra Temer tanto na Comissão de Constituição e Justiça, que apenas instrui o processo, quanto no Plenário da Casa, que autoriza ou não que Temer seja julgado pelo STF.

“Quem precisa colocar votos é a oposição que é do quanto pior, melhor. Se a PGR continuar neste objetivo antipatriótico, para atrapalhar o Brasil, ela teria que mandar as próximas [denúncias] em cinco dias, e se mandar o governo pode esperar para enterrar essas denúncias vazias contra os brasileiros em apenas uma votação”, afirmou Perondi.

Já o líder do DEM, deputado Efraim Filho (PB), aguarda uma análise técnica para saber se deve ou não unificar as denúncias contra Temer. Ele também defende que não haja recesso para que a crise política tenha uma definição. “A crise institucional contamina a economia e outros setores do Brasil e é preciso soluções rápidas e reais para crise, com transparência, e um aprofundamento das investigações”, disse.

Delação
Com base em gravações e em delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista – donos do grupo J&F, que controla o frigorífico JBS e outras empresas –, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou Temer ao STF por crime de corrupção passiva.

Em pronunciamento na terça-feira (27), Temer afirmou que a peça apresentada por Janot carece de fundamento jurídico e que sofre um ataque “injurioso, indigno e infamante” à sua dignidade pessoal.

Reportagem - Luiz Gustavo Xavier
Edição - Natalia Doederlein

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