Política e Administração Pública

Em tentativa de adiar votação, oposição pede saída de Temer e eleições diretas

23/05/2017 - 22:11  

Partidos de oposição se valeram de diversos instrumentos regimentais para alongar ao máximo as três sessões extraordinárias desta terça-feira (23), abrindo espaço para manifestações que pediam a saída de Michel Temer da Presidência da República e a consequente eleição direta para o cargo.

Apesar de favoráveis às medidas provisórias em discussão, os oposicionistas aproveitaram o espaço na tribuna para protestar. “Não podemos dar ares de normalidade a este momento por que passa nosso País. Nós concordamos com o mérito e vamos votar favoravelmente a essa MP, mas não podemos dar ar de normalidade a isso aqui”, disse o deputado Ságuas Moraes (PT-MT), ao revelar voto favorável do partido à proposta que autoriza o saque de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) – Medida Provisória 763/16.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) considerou um desrespeito o Congresso não parar as votações para buscar uma saída para a crise política. “Nós precisamos respeitar as ruas. As ruas querem decidir, as ruas querem votar, as ruas querem a renúncia desse presidente”, disse.

Protestos nas ruas
O líder do Psol, deputado Glauber Braga (RJ), chamou a atenção do Plenário para as manifestações populares marcadas para esta quarta-feira (24). “Vai ter aqui a presença de trabalhadores e trabalhadoras de todo o Brasil, dizendo para cada uma e cada um dos senhores: Fora, Temer!, porque ele não tem qualquer condição de ser presidente da República, e eleições diretas já”, disse.

Além dos seis partidos de oposição (PT, PDT, PCdoB, Psol, Rede e PMB), alguns deputados do PSB também aderiram à estratégia após a executiva do partido ter decidido no sábado apoiar a saída de Temer. “Nós temos uma posição clara de partido: de ir para a oposição, pedindo a renúncia do presidente Temer e entrando e subscrevendo o processo de impeachment”, disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

A deputada Janete Capiberibe (PSB-AP) disse que o partido também vai apoiar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 227/16, que permite eleições diretas para a Presidência da República em caso de vacância do titular. “O nosso partido defende diretas já. Vamos às ruas e vamos eleger um novo presidente da República”, afirmou.

Vice-líder da oposição, o deputado Silvio Costa (PTdoB-PE) sugeriu à oposição apoiar todas as medidas provisórias. “Deveríamos estar aqui apoiando tudo. Amanhã iria sair no jornal que Michel Temer só aprovou por conta do apoio da oposição. Para se fazer política, tem que ter um mínimo de juízo, um mínimo de talento”, disse.

Apoio a propostas
A base governista, por sua vez, cobrou apoio da oposição para a aprovação das medidas provisórias com o argumento de que divergências políticas não devem atrapalhar a votação de matérias importantes para o País.

“É necessário que nós tenhamos a compreensão clara de que há milhões de brasileiros que precisam desse recurso o mais rápido possível”, disse o deputado Danilo Forte (PSB-CE), durante a votação da medida provisória que autoriza o saque de contas inativas do FGTS.

Para o deputado Jones Martins (PMDB-RS), a possibilidade de o trabalhador sacar o dinheiro que tem na conta inativa do FGTS ajuda não apenas os trabalhadores, mas, de forma geral, a economia brasileira.

O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) criticou a postura de partidos de oposição. “São 14 milhões de operários endividados, com fome, que querem comprar roupas, ajeitar a casa. Mas a oposição, sem sensibilidade, sem misericórdia, faz obstrução desse programa extraordinário de liberar R$ 43 bilhões em contas inativas que o governo anterior não teve coragem de fazer”, disse Perondi.

O líder do PPS, deputado Arnaldo Jordy (PA), também defendeu a proposta, que, segundo ele, não pode ser considerada uma questão de governo ou de oposição. “Esta é uma matéria de interesse do País, é uma matéria de interesse dos trabalhadores”, disse.

O líder do governo, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), elogiou a atuação de deputados da base governista, que permaneceram em Plenário e permitiram a aprovação da MP 763. “Parabenizo a base que esteve firme votando, de forma afirmativa, para demonstrar que a Casa segue na sua normalidade. O Brasil tem governo, Legislativo e Judiciário, cada um cumprindo o seu papel. E é isso que todo o brasileiro quer. Não perder esse momento de geração de emprego e de reequilibro da economia.”, disse Ribeiro.

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Reportagem – Murilo Souza
Edição – Pierre Triboli

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