Política e Administração Pública

Em pronunciamento, Michel Temer diz que não renunciará à Presidência

“É uma decisão dele e nos cabe respeitar, mas a dúvida e a insegurança que vamos ter nos próximos dias serão muito grandes”, disse a deputada Carmen Zanotto

18/05/2017 - 17:28   •   Atualizado em 18/05/2017 - 20:38

Valter Campanato/Agência Brasil
Fotos do dia - discurso Michel Temer 18052017
O presidente da República, Michel Temer, durante o pronunciamento no Palácio do Planalto

O presidente da República, Michel Temer, anunciou nesta quinta-feira (18), por meio de pronunciamento em rádio e televisão, que não renunciará ao cargo.

O Supremo Tribunal Federal autorizou a abertura de inquérito contra o presidente para apurar declarações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do grupo J&F, que controla o frigorífico JBS e outras empresas.

Durante os debates em Plenário nesta quinta-feira (18), parlamentares de partidos que até o momento participam da base aliada ao governo lamentaram o anúncio de Temer. “É uma decisão dele e nos cabe respeitar, mas a dúvida e a insegurança que vamos ter nos próximos dias serão muito grandes”, disse Carmen Zanotto (PPS-SC).

Para o líder do PPS na Câmara, Arnaldo Jordy (PA), “faltou grandeza ao presidente para renunciar”. O deputado afirmou que o gesto abriria a oportunidade para um pacto nacional voltado para a recuperação da economia. Para Jordy, os eventos recentes – como a abertura de inquérito contra Temer e o afastamento de parlamentares – põem por terra a tese de que a Operação Lava Jato só visa o PT.

Conversa com empresário
Joesley Batista teria entregue ao Ministério Público Federal “gravação em que Temer dá aval para o empresário comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do operador Lúcio Funaro, ambos presos na Operação Lava Jato”, informou o jornal O Globo.

“Ouvi o relato de um empresário que, por ter relações com um ex-deputado, auxilia a família do ex-parlamentar. Não solicitei que isso acontecesse. E somente tive conhecimento desse fato nessa conversa pedida pelo empresário”, disse Michel Temer.

“Repito e ressalto: em nenhum momento autorizei que pagassem quem quer que seja para ficar calado. Não comprei o silêncio de ninguém. Por uma razão singelíssima, exata e precisamente porque não temo nenhuma delação. Não preciso de cargo público nem de foro privilegiado. Nada tenho a esconder”, completou.

O presidente da República explicou ainda porque só divulgou nota na quarta-feira (17), quando o caso veio a público. “Só falo agora, e os fatos se deram ontem, porque tentei conhecer o conteúdo de gravações que me citam. Solicitei oficialmente ao Supremo Tribunal Federal acesso a esses documentos, mas até o presente momento não o consegui.”

À noite, o ministro Edson Fachin, responsável no STF pela Operação Lava Jato, retirou parcialmente o sigilo das investigações. Com isso, as gravações de Joesley Batista foram tornadas públicas. O Planalto teve acesso ao material.

Melhor e pior momento
Segundo Temer, o governo viveu nesta semana os melhores e os piores momentos. “Os indicadores de queda da inflação, os números do crescimento da economia e de geração de emprego criaram esperança de dias melhores. O otimismo melhorava e as reformas avançaram”, observou. “Contudo, a divulgação de uma conversa gravada clandestinamente trouxe de volta o fantasma de crise política de proporções ainda não dimensionada.”

Reportagem - Murilo Souza e Janary Júnior
Edição - Ralph Machado

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