Política e Administração Pública

Jean Wyllys afirma que cuspe em Jair Bolsonaro foi reação a insultos

O Conselho de Ética da Câmara encerrou nesta terça-feira a fase de depoimentos no processo contra o deputado do Psol. Relator tem dez dias úteis para entregar parecer

06/12/2016 - 19:35  

O deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) depôs nesta terça-feira (6), no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, no processo em que a Mesa Diretora da Câmara o acusa de quebra do decoro parlamentar por ter cuspido em Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Na representação, a Mesa sugere a suspensão do exercício do mandato de Wyllys por até seis meses.

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Reunião Ordinária. Dep. Jean Wyllys (PSOL-RJ)
Jean Wyllys disse ser vítima de "violência homofóbica" por parte de Bolsonaro há seis anos

Segundo o parlamentar do Psol, o cuspe foi uma reação a insultos sofridos por ele. O episódio ocorreu em 17 de abril deste ano, no Plenário da Câmara, durante a votação da adminissibilidade do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Ao apresentar a sua versão do caso, Jean Wyllys lembrou o contexto de tensão e polarização política durante o impeachment de Dilma e afirmou que, desde seu primeiro mandato, é vítima de "violência homofóbica" por parte de Bolsonaro.

Wyllys ressaltou que, em 17 de abril, manifestou seu voto em Plenário logo após o pronunciamento de Bolsonaro, que fez uma homenagem ao “torturador” Carlos Alberto Brilhante Ustra. “Quando fui votar, ouvi vaias e pessoas dizendo: ‘viado’ e ‘sai daí, viado’”, contou. Depois de votar, Wyllys disse ter ouvido mais manifestações homofóbicas por parte de Bolsonaro. “Tolerei insultos por seis anos, mas, naquela hora, cuspi na cara daquele fascista porque foi [um sentimento] mais forte do que eu. Minha cuspida foi uma reação e não uma ação”, declarou.

Wyllys também acusou Bolsonaro de fraude em um vídeo que supostamente mostraria premeditação no episódio do cuspe. Já inocentado em outras duas representações no Conselho de Ética, ambas movidas pelo PSC, Jean Wyllys afirmou ser alvo de difamação feita de maneira orquestrada. "Nunca roubei dinheiro público ou participei de esquema de corrupção, nunca menti no Parlamento. As pessoas podem até divergir da minha agenda política, mas eu não feri a conduta ética em nenhum momento”, sustentou.

Testemunha de defesa de Jean Wyllys, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) classificou de “injusta” qualquer eventual punição ao deputado do Psol. A parlamentar ressaltou nesta terça-feira já ter presenciado atos de “desrespeito e chacota”, além de “palavras inadequadas” dirigidas por Bolsonaro contra Wyllys. Para Maria do Rosário, o cuspe foi uma “reação momentânea, limite”.

Em depoimento ao Conselho de Ética no início de novembro, Jair Bolsonaro negou agressões verbais a Jean Wyllys e se disse vítima de "perseguição política".

Relator

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Reunião Ordinária. Dep. Ricardo Izar (PP-SP)
Relator do caso, Ricardo Izar analisará se cuspe foi uma ação ou uma reação do deputado do Psol

Na representação enviada ao conselho, a Mesa Diretora da Câmara pede a suspensão do exercício do mandato de Wyllys por até seis meses devido ao episódio do cuspe em Bolsonaro. Para concluir o parecer sobre o caso, o relator, deputado Ricardo Izar (PP-SP), só espera o resultado da perícia em vídeos anexados ao processo. Ele tem dez dias úteis para entregar o texto.

"Acho que não vou ter problema nenhum de, em menos de dez dias, apresentar o relatório. Houve o fato e o que a gente estava estudando aqui era se houve algum tipo de atenuante, se foi uma ação ou reação. É isso que foi examinado e eu vou levar tudo isso em consideração", adiantou.

Bessa
Também nesta terça, o presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), designou o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) como relator do processo em que o PSB acusa o deputado Laerte Bessa (PR-DF) de quebra do decoro parlamentar por ter xingado, em discurso no Plenário, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg.

Reportagem - José Carlos Oliveira
Edição - Marcelo Oliveira

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