Política e Administração Pública

Conselho de Ética: Jean Wyllys diz que cuspe em Bolsonaro foi reação a insultos

06/12/2016 - 16:50  

O deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) apresentou nesta tarde sua defesa no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar no processo em que a Mesa Diretora da Câmara o acusa de quebra do decoro parlamentar por ter cuspido no deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), no Plenário da Câmara, em abril, durante a votação da admissibilidade do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Na representação, a Mesa sugere a suspensão do exercício do mandato de Wyllys por até seis meses.

Jean Wyllys fez questão de relembrar aos deputados do conselho parte de sua história de vida e o contexto em que ocorreu o episódio de abril. O deputado afirmou que, desde o seu primeiro mandato, é difamado de maneira orquestrada. Também citou agressões verbais vindas diretamente de Bolsonaro. “São seis anos de violência homofóbica contra mim e nunca o tratei com violência”, relatou.

Tensão política
Quanto ao contexto do episódio do cuspe, Wyllys ressaltou o tenso clima político no Plenário da Câmara durante a votação da admissibilidade do impeachment de Dilma. Disse que manifestou seu voto em Plenário logo após o polêmico pronunciamento de Bolsonaro em defesa do “torturador” Carlos Alberto Brilhante Ustra. “Quando fui votar, ouvi vaias e pessoas dizendo: 'viado' e 'sai daí, viado'”. Depois de votar, Wyllys garante ter ouvido as seguintes palavras de Bolsonaro: “queima rosca” e “tchau, querida”. “Tolerei insultos por seis anos, mas, naquela hora, cuspi na cara daquele fascista porque foi [um sentimento] mais forte do que eu. A minha cuspida foi uma reação e não uma ação”, declarou Jean Wyllys, que também acusou Bolsonaro de fraude em um vídeo que mostraria uma suposta premeditação do deputado do Psol no caso.

O depoente acrescentou que sempre procurou manter a ética no seu mandato parlamentar, mas, apesar disso, já respondeu a dois processos no Conselho de Ética. Lembrou que já foi chamado até de “escória do mundo” e indagou se seus adversários políticos não estariam se utilizando das representações no conselho contra a sua atuação parlamentar e o fato de se assumir como homossexual.

Encerrada a fase de depoimentos, o relator do processo contra Wyllys, deputado Ricardo Izar (PP-SP), acredita que deverá concluir o seu parecer antes do prazo de dez dias úteis. Ele informou ainda que vai analisar novos vídeos que a defesa de Wyllys anexou ao processo nos últimos dias.

A reunião do Conselho de Ética foi encerrada há pouco.

Reportagem - José Carlos Oliveira
Edição - Marcelo Oliveira

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