Política e Administração Pública

Deputados se revezaram em discursos a favor e contra a cassação de Cunha

07/06/2016 - 17:59  

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Reunião ordinária para discussão e votação do parecer referente ao processo nº 01/15, representação nº 01/15, do PSOL e REDE, em desfavor do dep. Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
Em quase cinco horas, deputados se revezaram em discursos a favor e contra a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha

Em quase cinco horas, deputados se revezaram, nesta terça-feira (7), em discursos a favor e contra a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conforme parecer do relator no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, deputado Marcos Rogério (DEM-RO). A maioria defendeu a aprovação do texto de Rogério.

O deputado Nelson Marchezan Junior (PSDB-RS) afirmou que o parecer pela cassação é inabalável. “Chegamos à conclusão clara que Eduardo Cunha possui recurso no exterior, faz uso de recursos no exterior e não conseguiu comprovar a origem desses recursos. O deputado Marcos Rogério se esmerou e fez um relatório que destruiu os argumentos apresentados pela defesa”, disse.

Para o deputado Zé Geraldo (PT-PA), o grande mal de Eduardo Cunha não foi ter mentido à CPI da Petrobras sobre possíveis contas no exterior, mas a condução do processo de impeachment. “O grande mal não é nem o dinheiro na Suíça, foi ter feito um grande mal à democracia com esse governo interino. Por vingança, instalou o processo de impeachment na Câmara”, afirmou. Ele lembrou que outros parlamentares, como o ex-vice-presidente da Câmara André Vargas, foram cassados por “menor dano”.

Sem provas
Em defesa de Eduardo Cunha, o deputado Laerte Bessa (PR-DF) falou que não ficou provado que o presidente afastado teria mentido à CPI da Petrobras: “É esse meu posicionamento e não abro mão do que disse aqui. Talvez uma suspensão coubesse bem. Poderíamos dar uma suspensão, uma sentença mais amena. A cassação é muito dura, ela é muito perseverante.” Bessa também elogiou a atuação de Eduardo Cunha na condução da Câmara durante o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, “a maior estelionatária do País”, segundo ele.

Para o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), a maior parte dos integrantes da comissão está “jogando para a plateia” ao defender a cassação. “O discurso do aplauso, de jogar para a torcida e para a plateia não me anima. Eu voto em cima de fatos e não vi nada que me fizesse a julgar pela cassação. Alguns falam em suspensão, mas para agradar a opinião pública e a imprensa?”

Cronologia processo
O pedido para cassação de Eduardo Cunha foi feito pelo Psol e pela Rede em 13 de outubro de 2015. Em 28 do mesmo mês, a comissão recebeu a denúncia e o processo foi instaurado na comissão em 3 de novembro do ano passado. Com mais de oito meses de andamento, este é o mais longo processo contra um parlamentar no Conselho de Ética.

O deputado Fausto Pinato (PP-SP) foi escolhido como relator em 5 de novembro de 2015 e apresentou seu parecer pela cassação de Cunha em 24 do mesmo mês. Afastado da relatoria, Pinato foi substituído pelo deputado Marcos Rogério (DEM-RO) em 9 de dezembro de 2015.

Pedido de prisão
Jornais divulgaram nesta terça-feira (7) que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, teria pedido a prisão de Eduardo Cunha. A Secretaria de Comunicação da Procuradoria-Geral (PGR) afirmou que não irá comentar o assunto. O pedido, segundo noticiado, estaria há pelo menos uma semana com o ministro Teori Zavascki, responsável pela Operação Lava Jato no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo a assessoria, Cunha fez o seguinte comentário: "Não tomei ciência do conteúdo do pedido do procurador-geral da República, por isso não posso contestar as motivações. Mas vejo com estranheza esse absurdo pedido, e divulgado no momento da votação no Conselho de Ética, visando a constranger parlamentares que defendem a minha absolvição e buscando influenciar no seu resultado".

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Luciana Cesar

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