Política e Administração Pública

Deputados ocuparam Plenário para defender decisão do STF de suspender Cunha

05/05/2016 - 12:43  

Lucio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados
Parlamentares protestam após encerramento da sessão extraordinária
Comandados por Luiza Erundina (C), que assumiu a presidência dos trabalhos, deputados defenderam a decisão do STF de suspender Cunha

Deputados do PT, do PCdoB e do Psol comandaram nesta quinta-feira (5) uma ocupação em Plenário contra a decisão do presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão, de encerrar a sessão no meio da manhã, mesmo com a lista de oradores presentes. Comandados pela deputada Luiza Erundina (Psol-SP), que assumiu a presidência dos trabalhos, os deputados se revezaram por uma hora na tribuna mesmo com o som desligado.

Nos discursos, os parlamentares defenderam a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki que afastou Eduardo Cunha do mandato de deputado federal e da função de presidente da Casa.

Luiza Erundina disse que essa decisão deveria ter vindo do Conselho de Ética, mas não foi possível porque Eduardo Cunha manobrou para impedir sua cassação. “Essa cadeira é do povo, e foi conspurcada ao ser ocupada por interesses mesquinhos. E isso se deve aos partidos, que a maioria esteve conivente”, acusou.

O deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) lembrou que apenas quatro partidos (PPS, Psol, Rede, PDT) tiveram a coragem de, já no ano passado, entrar com pedido para retirar Eduardo Cunha da direção da Câmara. “Nós vínhamos cobrando isso há um ano e meio, junto com outros partidos, e esperamos que essa decisão do ministro Teori Zavascki se confirme, porque nesse momento o deputado afastado está na residência oficial tramando contra isso”, disse o deputado Chico Alencar (Psol-RJ). Ele adiantou que a defesa de Eduardo Cunha deve argumentar que o Plenário teria de revalidar a decisão do Supremo, o que em sua opinião seria um equívoco.

O líder da Rede, deputado Alessandro Molon (RJ), disse que a decisão serve de mensagem para todos os que imaginam que o mandato parlamentar serve como defesa para quem cometeu crimes. “Esperamos essa Casa perceba que aquilo que parecia ilimitado, o poder do deputado Eduardo Cunha, tem limite, que é a legalidade, e a dignidade da Câmara.”

Defesa garantida
O deputado Mauro Pereira (PMDB-RS) também defendeu a decisão do SFT e disse que as instituições estão funcionando e Eduardo Cunha terá o direito de se defender no Supremo, da mesma forma que o ex-presidente Lula. Ele criticou o PT por atacar o Supremo e o procurador-geral, e disse que os deputados não deveriam fazer a mesma coisa. “Vamos separar bem as coisas, o ex-presidente Lula chamou os ministros do Supremo de covardes, mas eles vão cumprir suas missões e vamos passar o Brasil a limpo”, disse.

O deputado Ivan Valente (Psol-SP) disse que os fiéis a Eduardo Cunha não são fiéis por questões políticas, mas porque foram financiados por ele nas eleições. “Eduardo Cunha mancha essa Casa, e o Psol desde o primeiro momento sabia disso, desde que ele mentiu na CPI da Petrobras, dizendo que não tinha contas na Suíça.”

O deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE) também defendeu o afastamento de Eduardo Cunha. “Ninguém aguentava mais ser presidido por alguém sem a capacidade ética e moral para ser presidente dessa Casa”, disse.

“Aqui se faz, e aqui se paga. Há mais de um ano nessa casa, e todos os dias Eduardo Cunha manobrou e fez o que quis. Ele achava que mandava em todos os deputados, nos juízes”, comemorou o deputado Caetano (PT-BA).

Já o deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), disse que não é um momento para bater palmas, e sim para repensar o novo governo que vai se instalar. “Nesse momento é preciso ter esperança de que o presidente Michel Temer faça um bom trabalho e mude os rumos do Brasil.”

O deputado Celso Maldaner (PMDB-SC) comemorou a decisão de Teori, e frisou que Santa Catarina está orgulhosa do ministro, que é do interior do estado. “A justiça tarda, mas não falha”, disse.

O deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) disse que já cobra o afastamento de Cunha desde que as denúncias começaram. “O Supremo cumpriu seu dever”, frisou.

O deputado Marcelo Aguiar (DEM-SP) disse que o momento é difícil, mas o povo brasileiro precisa de uma resposta. “Quem terá a coragem de colocar seu nome para dirigir essa Casa, até quando vamos jogar um no colo do outro as decisões?”, disse.

O deputado João Gualberto (PSDB-BA) disse que Eduardo Cunha fez parte da mesma quadrilha comandada pelo ex-presidente Lula. Ele frisou que Cunha era um aliado do PT, que agora o chama de bandido, mas estavam juntos até recentemente. “O PSDB não votou nele, nós votamos no Júlio Delgado”, lembrou.

Parlamentares empunharam no Plenário cartazes com as frases “Tchau, querido”, “Antes tarde do que nunca” e “Fora Cunha”. Os discursos eram encerrados com gritos de “Fora Cunha”.

Reportagem – Marcello Larcher e Carol Siqueira
Edição – Natalia Doederlein

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