Política e Administração Pública

Decisão do PMDB de sair do governo é tardia, afirma Cunha

29/03/2016 - 18:11  

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Presidente da Câmara, dep. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) concede entrevista
Eduardo Cunha: “Já havia passado da hora. Estou oito meses adiantado em relação à decisão de hoje.”

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afirmou que a decisão tomada pelo PMDB nesta terça-feira (29) de sair da base aliada ao governo da presidente Dilma Rousseff é tardia. Segundo ele, o partido não deveria sequer ter participado da aliança com o PT na eleição presidencial de 2014.

Cunha disse que o papel do presidente do PMDB, Michel Temer, como vice-presidente da República continuará sendo o previsto na Constituição: substituir o presidente nas eventualidades e sucedê-lo, se for o caso.

Cunha, que defende a saída de seu partido do governo desde julho de 2015, afirmou que o PMDB arcava com o ônus de estar no governo sem participar de decisões. “Não tem sentido o PMDB ficar sócio de ônus de um governo impopular, com medidas com as quais nós não concordamos e pelas quais o PMDB está sendo corresponsabilizado. Agora o PMDB tem de seguir o seu caminho”, disse.

“O PMDB nunca participou de nenhuma formulação de política econômica ou de qualquer natureza; foi apenas usado, nesse tempo todo de aliança, para votar as matérias que eles [do PT] decidiam, nunca para participar de formulação de nada”, acrescentou.

Cunha disse que, mesmo antes de perder o apoio do PMDB, o governo já não tinha maioria nas votações importantes na Casa. Ele voltou a dizer que, na sua avaliação, a saída da base aliada não tem relação com o processo de impeachment de Dilma: “O PMDB tinha que sair de qualquer maneira, havendo ou não impeachment.”

Papel de Temer
Questionado pelos repórteres, Cunha afirmou que não faria sentido o vice-presidente Michel Temer sair do governo, já que ele não foi nomeado para nenhum cargo, e sim eleito. “O papel dele é o previsto na Constituição: substituir o presidente nas eventualidades e sucedê-lo, se for o caso. Não há outro papel: é cumprir a Constituição”, destacou.

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – João Pitella Junior

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