Política e Administração Pública

Cunha: análise de veto do Judiciário foi “quase derrota” do governo

18/11/2015 - 19:08   •   Atualizado em 18/11/2015 - 20:49

J. Batista/Câmara dos Deputados
Presidente da Câmara, Dep. Eduardo Cunha concede entrevista coletiva à imprensa
Eduardo Cunha: "A derrubada do veto seria um sinal ruim para os mercados, e havia uma consciência disso”

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afirmou nesta quarta-feira (18) que a votação do Congresso Nacional em que foi mantido o veto da presidente Dilma Rousseff ao reajuste do servidores do Judiciário mostrou a fragilidade da base aliada ao Executivo. 

Ao ser perguntado por repórteres, no Salão Verde, sobre a “vitória apertada” do governo na análise desse veto na noite de terça-feira (17), Cunha disse que na verdade aconteceu uma “quase derrota apertada”. Ele lembrou que, para derrubar o veto, seriam necessários 257 votos na Câmara, e foram registrados apenas seis a menos do que esse número. Somente 132 deputados votaram com o Executivo a favor da manutenção do veto.

“É uma situação perigosa que ainda mostra a fragilidade da base, mas a manutenção do veto era importante; eu mesmo a defendi. A derrubada seria um sinal ruim para os mercados, e havia uma consciência disso”, avaliou Cunha

Manifestação
A pedido dos jornalistas, Eduardo Cunha também comentou o episódio da tarde desta quarta-feira (18) no gramado do Congresso, onde houve confronto entre integrantes da Marcha das Mulheres Negras e outras pessoas que já estavam no local. Um policial do Distrito Federal foi acusado de dar tiros para o alto, após ser flagrado filmando a manifestação das mulheres, e acabou sendo preso.

“Há milícias que estão se provocando mutuamente. Não tenho condições de falar sem saber exatamente o que aconteceu, mas não concordo com nenhuma dessas confusões, nem com as provocações nem com as reações, e será preciso haver uma atitude. Eu não vou admitir a falta de ordem. Esse episódio de hoje foi estranho; quero ter as informações corretas sobre o que aconteceu”, disse Cunha, ressaltando que o problema ocorreu fora das dependências da Câmara.

Durante o tumulto no gramado do Congresso, o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), foi atingido nos olhos por spray de pimenta. Ele informou que pretende tomar providências legais contra a violência policial e contra a direção da Câmara, pelo fato de permitir a presença de pessoas armadas no acampamento em frente à Casa.

Conselho de Ética
Os repórteres perguntaram a Eduardo Cunha se ele pretende pedir a substituição do relator do processo no Conselho de Ética em que é acusado de quebra de decoro. Segundo nota divulgada pelo advogado de Cunha, Marcelo Nobre, o relator Fausto Pinato (PRB-SP) teria cerceado o direito de defesa do seu cliente ao recomendar, ao Conselho, o prosseguimento da investigação antes de ouvir os argumentos da defesa do presidente.

“Se ele achar que deve, ele vai pedir. Se achar que não deve, não vai pedir. Está tudo na mão do advogado; ele é que está concluindo a peça, com informações que chegaram de ontem para hoje. Ele estava procurando acesso à peça do relator, para poder contestar alguma coisa, e não sei se conseguiu acesso”, respondeu Cunha.

O presidente explicou que a sessão extraordinária do Plenário da Câmara, prevista para começar às 9 horas desta quinta-feira (19), já havia sido marcada em reunião de líderes antes de o Conselho de Ética agendar, também para a manhã desta quinta, a reunião em que o parecer de Pinato deverá ser analisado.

“Vocês sabem que não há uma quinta-feira em que a gente trabalhe aqui com sessão à tarde; estamos sempre fazendo a sessão a partir de 9 horas, a pedido dos líderes. Isso já estava decidido antes de a reunião do Conselho ser combinada”, lembrou.

Da Redação/JPJ

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