Política e Administração Pública

Participantes defendem maior presença de mulheres negras na política

Comissão Geral discutiu a realidade das mulheres negras no País

17/11/2015 - 19:01  

Representantes de movimentos de mulheres negras e parlamentares defenderam nesta terça-feira (17) uma maior presença delas na política e criticaram o que chamaram de pauta conservadora da Câmara dos Deputados. Os debatedores participaram de Comissão Geral que discutiu a realidade das mulheres negras no País.

Gustavo Lima / Câmara dos Deputados
Debate sobre a realidade das mulheres negras brasileiras. Ministra de Estado das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes
As mulheres criticaram o que chamaram de pauta conservadora do Congresso

A ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes, defendeu que elas tenham mais representatividade no parlamento. “Temos que enxergar a vida política como um lugar de militância e de representatividade. A violência que assombra as mulheres assombra muito mais as mulheres negras”, afirmou.

A coordenadora nacional de mulheres do PPS, Raquel Nascimento Dias, defendeu que as mães negras valorizem a história dos negros para seus filhos. “Não deixe sua filha embranquecer-se pelas princesas dos olhos azuis. Fale das Dandaras dos Palmares, conte a história da etnia dela, porque isso só a fortalece ”, afirmou.

Para a representante do Círculo Palmarino, Juscilene Carvalho, a marcha das mulheres negras prevista para esta quarta-feira (17) vai representar uma nova etapa da luta feminista: “Queremos sentar à mesa de decisões do Brasil”.

Conservadorismo
A representante da Articulação de Organizações de Mulheres Negras, Jurema Pinto Werneck, afirmou que um dos objetivos da marcha das mulheres negras é combater o conservadorismo do Congresso. Segundo ela, o País só vai para frente se conseguir eliminar o racismo e a violência. “O Congresso Nacional tem agido contra nós quando fomenta o ódio e a intolerância religiosa. O Congresso tem atentado contra nossos corpos, nossos direitos e nossa autonomia”, criticou.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) defendeu que a Marcha das Mulheres Negras deve fazer parte da política progressista nacional: “É uma luta contra a pauta regressiva que tenta se afirmar como a pauta da política atual”. Ela criticou recentes projetos aprovados na Câmara, como o que dificulta o aborto em caso de estupro e o que regulamenta a terceirização de serviços.

Para o deputado Ivan Valente (Psol-SP) , a situação da mulher negra é pior porque ela enfrenta o racismo e o machismo, que colocam a mulher em uma posição muito mais vulnerável.

Violência
A representante da União Nacional de Negros e Negras, Olívia Santana, afirmou que os números do Mapa da Violência mostram que o racismo é evidente na sociedade brasileira. Segundo ela, a violência contra mulheres brancas caiu 10% e a cometida contra as mulheres negras aumentou 53% em relação a dados anteriores.

Olívia defendeu que as mulheres negras exerçam sua liberdade religiosa, em terreiros de Candomblé, sem serem vítimas de atos de intolerância: “Nós temos direito, capacidade de exercer poder e participar de um projeto democrático de governo, das instâncias de decisão política”.

A deputada Dânima Pereira (PMN-MG), que propôs o debate, pediu que o combate à violência contra a mulher seja constante: “Não discutir este assunto é um crime”. Ela destacou que os maiores desafios a serem superados para obter a igualdade estão ligados à condição cultural do povo brasileiro. “Só se muda uma cultura dando voz para aqueles que nunca foram ouvidos. Chega de racismo, chega de silêncio, chega de injúrias, chega de impunidade”.

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Luciana Cesar

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