Política e Administração Pública

CPI da Petrobras convoca José Dirceu para depor na próxima semana

Treze pessoas devem ser ouvidas na semana que vem pela CPI. Além disso, a comissão pretende fazer duas acareações.

27/08/2015 - 13:25  

A CPI da Petrobras aprovou hoje a convocação de sete pessoas, entre os quais o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu; o presidente da construtora Odebrecht, Marcelo Odedrecht; e o ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Jorge Zelada.

Os requerimentos foram votados para que eles possam ser ouvidos pela comissão na semana que vem, em Curitiba (PR). A CPI deve ouvir, no total, 13 pessoas – algumas das quais já tinham requerimentos de convocação aprovados.

Além disso, a comissão pretende fazer duas acareações, ainda não confirmadas porque dependem de articulação com o juiz da 13ª Vara Federal, Sérgio Moro. Uma delas seria entre o doleiro Alberto Youssef e a também doleira Nelma Kokama e Iara Galdino, funcionária de Kodama.

A outra acareação, ainda não confirmada, seria entre Augusto Ribeiro de Mendonça, o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, e o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Os sete convocados de hoje são:

JOSÉ DIRCEU
O ex-ministro da Casa Civil foi acusado pelo empresário Milton Pascowitch de receber propina de empresas contratadas pela Petrobras. Segundo a acusação, o dinheiro era proveniente de contratos firmados pelas empresas Hope e Apolo com a Petrobras.

A propina seria intermediada inicialmente por Júlio Camargo, que representava várias empresas junto à Petrobras, e depois por Pascowitch, que acusou Dirceu de receber 1,5% do valor dos contratos da Hope com a Petrobras.

Pascowitch disse ainda que outra empresa, a Personal, que fornece mão-de-obra terceirizada para limpeza da Petrobras, pagava mensalmente entre R$ 500 mil e R$ 800 mil ao grupo de Dirceu. O delator também afirmou que uma obra da Petrobras teve sobrevalor só para que houvesse recursos suficientes para repassar a Dirceu.


JORGE ZELADA
Zelada foi o sucessor de Nestor Cerveró, também preso pela Operação Lava Jato, na Petrobras. Ele comandou a diretoria Internacional entre 2008 e 2012 e entrou na lista dos investigados pela Operação Lava Jato após ser citado em depoimentos de delações premiadas firmadas por outros suspeitos.

Em depoimento à Justiça Federal, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, que cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro, disse que Zelada era um dos beneficiários do esquema de corrupção.

O ex-gerente de Serviço da Petrobras Pedro Barusco afirmou que Zelada foi beneficiado à época em que era gerente geral de obras da Diretoria de Engenharia e Serviços. Todavia, Barusco não soube informar se Zelada continuou a receber vantagens indevidas no cargo de diretor da área Internacional.

CELSO ARARIPE DE OLIVEIRA
Ex-gerente de empreendimentos da Petrobras, foi acusado pelo Ministério Público de receber propina da empreiteira Odebrecht em troca da construção da sede da estatal em Vitória (ES). De acordo com a denúncia, o consórcio responsável pela obra, liderado pelo grupo Odebrecht, simulou contratação de empresa de consultoria para enviar ao engenheiro e a familiares dele R$ 1,4 milhão em propina. Parte do montante teria sida depositado em contas de parentes do engenheiro.

FERNANDO GUIMARÃES HOURNEAUX DE MOURA
Apontado pela Polícia Federal como representante do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, na Petrobras. Segundo o Ministério Público, foi ele quem indicou Renato Duque para a diretoria de Serviços da estatal.
Foi acusado por Milton Pascowitch de ter usado três filhos, um irmão e um sobrinho para receber R$ 5,3 milhões em propina de contrato de obras da Unidade de Tratamento de Gás Natural de Cacimbas, em Linhares (ES).

CÉSAR RAMOS ROCHA e MÁRCIO FARIA
Ambos são executivos da Odebrecht. A Polícia Federal prendeu oito executivos da construtora, inclusive o presidente da empresa, Marcelo Odebrecht. A empreiteira é suspeita de pagar propinas de mais de R$ 500 milhões a diretores da Petrobras e agentes políticos em troca de contratos com a estatal.

ELTON NEGRÃO DE AZEVEDO
Executivo da empreiteira Andrade Gutierrez, preso na 14ª fase da Operação Lava Jato.

Os outros depoentes, que já haviam sido convocados anteriormente, são:

  • Alexandrino de Salles Ramos de Alencar – diretor da Norberto Odebrecht
  • João Antônio Bernardi Filho – diretor da empresa Saipem
  • Marcelo Odebrecht – presidente da Odebrecht
  • Otávio Marques de Azevedo – Executivo da Andrade Gutierrez
  • Ricardo Hoffmann – diretor da Borghi Lowe Propaganda e Marketing
  • Rogério Santos de Araújo – executivo da Construtora Odebrecht e do estaleiro Jurong
Lucio Bernardo Jr/Câmara dos Deputados
Audiência pública para tomada de depoimentos. Gilson Pereira, Executivo da Arxo Industrial
Os depoentes da Arxo Industrial, munidos de habeas corpus, permaneceram calados

Depoimentos de hoje
Além de votar novos requerimentos de convocação, a CPI ouviu o depoimento de quatro pessoas. Três delas, João Gualberto Pereira, Gilson Pereira e Sérgio Maçaneiro, obtiveram um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal e se recusaram a responder as perguntas.

Eles são executivos da Arxo Industrial, acusados de pagar propina em troca de contratos de construção de tanques de combustível junto à BR Distribuidora. “É frustrante que isso aconteça. Eles perdem uma chance de se defender e de colaborar com as investigações”, disse o deputado Altineu Cortes (PR-RJ), um dos sub-relatores da CPI.

Além deles, foi ouvida a presidente da empresa SAP Brasil, Cristina Palmaka. A empresa não é acusada de formação de cartel na Petrobras. A executiva foi convocada para explicar suspeitas de irregularidade na compra de softwares de gestão pela estatal. Ao responder pergunta do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), ela negou a prática de pagamento de propina pela empresa.

Reportagem - Antonio Vital
Edição - Patricia Roedel

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