CPI da Petrobras ouvirá depoimentos sobre petroquímicas e atuação de doleiros
10/08/2015 - 18:07
Entre os depoentes, estão operadores de câmbio acusados de irregularidades pela doleira Nelma Kodama, condenada por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Ela é ligada ao doleiro Alberto Youssef e, em depoimento a integrantes da CPI, em Curitiba, onde está presa, denunciou outros doleiros.
O depoimento dela fez a CPI se voltar para a atuação do mercado financeiro e a fiscalização do Banco Central sobre as casas de câmbio.
Operações fictícias
Segundo investigações da Lava Jato, os doleiros mandavam dinheiro para o exterior por meio de operações fictícias, dinheiro que era usado depois para pagamento de propina.
Nesta terça, a CPI vai ouvir duas pessoas mencionadas pela doleira: Fernando Heller, diretor da corretora TOV, uma das maiores do País, e José Aparecido Eiras, gerente do Banco do Brasil acusado por ela de ligação com outro doleiro, Raul Sour.
Petroquisa
Também será ouvido Paulo Cézar Amaro Aquino, ex-diretor da Petroquisa, a empresa petroquímica da Petrobras. O empresário Auro Gorentzvaig, ex-acionista da Petroquímica Triunfo, acusou a Petrobras de expropriar essa empresa para beneficiar a Braskem, do grupo Odebrecht.
Ele também afirmou que a Odebrecht foi beneficiada pela Petrobras em outra operação. Segundo ele, a estatal teria comprado a petroquímica Suzano por mais de R$ 4 bilhões para depois vender a empresa para a Braskem por R$ 2,5 bilhões.
É o que explica o deputado Altineu Cortes (PR-RJ), autor dos requerimentos de convocação: "Tem a ver com o que aconteceu com a petroquímica Triunfo, lá no Rio Grande do Sul, o que aconteceu com a compra da petroquímica Suzano, um verdadeiro absurdo. O valor da Suzano na Bolsa de Valores era R$ 1,2 bilhão e a Petrobras pagou R$ 4,1 bilhões. É um escândalo maior que o de Pasadena e ele vai nos esclarecer esses assuntos".
Câmbio ilegal
Na quinta-feira, a CPI vai ouvir outras três pessoas mencionadas pela doleira Nelma Kodama: Luccas Pace Júnior, que era uma espécie de braço direito dela nas operações de câmbio ilegal; Maria Lúcia Ramires Cardena, acusada de lavagem de dinheiro junto com o doleiro Raul Sour; e Marco Stefano, diretor da corretora TOV.
A CPI convocou também o diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero de Moraes Meirelles, para falar sobre a regulamentação e a fiscalização das operações de câmbio.
Reportagem – Antonio Vital
Edição – Newton Araújo