Política e Administração Pública

Diretora da ONU Mulheres: representação feminina depende de adesão dos homens

O Brasil é o primeiro país piloto, escolhido pela ONU Mulheres América Latina e pelo Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, para adaptar o Modelo de Protocolo Latino-americano sobre Investigação de Mortes Violentas de Mulheres Por Razões de Gênero.

23/06/2015 - 22:53  

Gabriela Korossy - Câmara dos Deputados
Reunião da bancada feminina com a diretora regional das Américas e Caribe da ONU Mulheres, Luiza Carvalho. À direita, dep. Elcione Barbalho (PMDB-PA)
Luiza (E) lança na quinta-feira (25), em São Paulo, a campanha Eles por Elas, para incentivar o apoio dos homens na luta das mulheres por maior representação política.

Em reunião nesta terça-feira (23) com a bancada feminina da Câmara dos Deputados, a diretora regional da ONU Mulheres para a região da América Latina e Caribe, Luiza Carvalho, assinalou que as mulheres só aumentarão sua representatividade política se os homens também aderirem à causa.

Na reunião para discutir formas de elevar a participação das mulheres na política, a representante da Organização das Nações Unidas, destacou que a América Latina tem avançado de forma considerável no percentual de mulheres que são representantes do povo. Segundo ela, os parlamentos latinos contam, em média, com 25% de participação feminina.

Em contrapartida, o Congresso brasileiro conta com menos de 10% de representação de mulheres, o que na opinião da deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA), representa uma contradição inaceitável. "Eu considero isso uma falta de respeito com as mulheres, porque nós somos mais de 52% do eleitorado nacional e nós não temos essa mesma representatividade no Congresso. Com o Senado, temos mais duas senadoras, mas mesmo assim é muito pouco. Isso é incabível, como podemos ter essa representatividade em um local onde se decide as leis do País?"

Eles por Elas
Como forma de aumentar essa participação, a diretora da ONU Mulheres vai lançar na próxima quinta-feira (25), em São Paulo, a campanha Eles por Elas, que tem a intenção de incentivar um maior apoio dos homens na luta das mulheres por maior representação política. "Nós, claramente, queremos fazer um reconhecimento à participação masculina na geração da igualdade de gênero e da inclusão da mulher. É um movimento solidário, que não só faz um reconhecimento da participação do homem, como também assume como claro que a igualdade de gênero só será conseguida se os homens militarem nessa área da mesma forma que as mulheres fazem".

Depois de pleitearem uma cota de 30% para mulheres nas assembleias municipais e também nas câmaras estaduais e federais, durante as votações relacionadas à reforma política, a bancada feminina aceitou pleitear apenas 10% para as próximas eleições e 15% para daqui a 12 anos. Mas, ainda assim, faltaram 15 votos para a proposta ser aprovada.

A dirigente está em visita ao Brasil e tem uma série de compromissos com representantes do governo e de entidades da sociedade civil nesta semana.

O Brasil é o primeiro país piloto, escolhido pela ONU Mulheres América Latina e pelo Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, para adaptar o Modelo de Protocolo Latino-americano sobre Investigação de Mortes Violentas de Mulheres Por Razões de Gênero.

O objetivo do documento é fornecer diretrizes para o desenvolvimento de uma investigação penal eficaz de mortes violentas de mulheres por razões de gênero, em conformidade com as obrigações internacionais assumidas pelos Estados.

Reportagem - Pedro Campos
Edição - Regina Céli Assumpção

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