Política e Administração Pública

Parlamentares veem tentativa de blindar investigados

11/06/2015 - 14:22  

Diversos deputados reclamaram da forma como os 140 requerimentos foram votados nesta quinta-feira na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. O deputado Ivan Valente (Psol-SP) defendia a votação de requerimentos que não foram incluídos na pauta de votação e acusou a CPI de estar “blindando” alguns investigados.

Antonio Augusto / Câmara dos Deputados
Reunião Ordinária
Ivan Valente reclamou que diversos requerimentos dele não entraram na pauta de votações

Valente apresentou requerimentos para convocar o empresário Júlio Camargo, o policial civil Jayme de Oliveira e a ex-deputada Solange Almeida. Os pedidos não foram votados em função do início da Ordem do Dia do Plenário da Câmara. Camargo, Solange e Jayme são investigados pela Polícia Federal a partir do depoimento do doleiro Alberto Youssef.

“A Ordem do Dia começou e nossos requerimentos, novamente, não serão votados. Aqui existe um grande acordo para não votar e excluir algumas pessoas. Júlio Camargo foi mencionado 300 vezes na CPI e está sendo blindado porque atinge o presidente da Casa”, reclamou Valente.

Segundo versão de Youssef, houve pressão de deputados sobre Júlio Camargo para que a empresa Samsung (empresa que ele representava à época) pagasse propina por contratos de aluguel de navios com a Petrobras. O dinheiro seria destinado ao PMDB e a pressão teria sido feita por Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Segundo as investigações da Polícia Federal, na época em que Youssef afirma ter ocorrido a pressão sobre Júlio Camargo, a então deputada Solange Almeida apresentou requerimentos de informação a diversos órgãos federais sobre o contrato entre a Samsung e a Petrobras. Esses documentos foram gerados por arquivos que contém a assinatura eletrônica de Cunha.

Camargo, que fez acordo de colaboração com a Justiça Federal, não confirmou a denúncia sobre Cunha, que nega as acusações. O presidente da Câmara compareceu espontaneamente à CPI no início de março para prestar depoimento e disse que seu gabinete na época era usado por deputados do PMDB, o que explica sua assinatura eletrônica no documento. A ex-deputada Solange Almeida também nega o envolvimento de Cunha.

Proteção
As reclamações dos deputados não se limitaram ao Psol. A deputada Eliziane Gama (PPS-MA) criticou a decisão de não votar requerimentos extrapauta. “Deveríamos voltar a nos reunir depois de terminada a Ordem do Dia do Plenário para não parecer que a CPI está protegendo alguém”, disse.

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) defendeu a proposta. “Se não votarmos outros requerimentos essa sessão de hoje termina muito mal.”

O deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), vice-presidente da CPI, e o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) defenderam a condução dos trabalhos da comissão. “O Psol já teve requerimentos aprovados de maneira desproporcional ao tamanho da bancada, por isso não há motivos de reclamação”, disse Pansera.

Imbassahy, na presidência da CPI, encerrou a reunião depois de defender a aprovação dos requerimentos. “Aprovamos 140 requerimentos que vão nos ajudar a avançar nas investigações, o que foi muito proveitoso. Não vejo razão para novas votações hoje”, disse.

Reportagem - Antonio Vital
Edição - Natalia Doederlein

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