Política e Administração Pública

Foster diz que Barusco é um engenheiro admirável e não o imagina recebendo propina

26/03/2015 - 13:09  

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A ex-presidente da Petrobras Maria das Graças Foster classificou como “inimaginável” a confissão de recebimento de propina por parte do ex-gerente de Tecnologia da empresa Pedro Barusco. À CPI que investiga irregularidades na estatal, Barusco admitiu ter acumulado 90 bilhões de dólares em propinas de 1997 a 2010.

“Barusco sempre foi um engenheiro naval admirável no mercado, um grande quadro técnico da Petrobras”, disse Foster.

Setebrasil
A ex-presidente explicou aos membros da CPI qual foi sua participação na criação da empresa privada Setebrasil, para a qual Barusco foi nomeado diretor assim que pediu aposentadoria da Petrobras.

A Setebrasil foi fundada em 2011 para construir sondas para exploração do pré-sal e firmou contratos de operação de sete sondas com a Petrobras e o Estaleiro Atlântico Sul. A Petrobras indicou para a diretoria da empresa Barusco e João Carlos de Medeiros Ferraz. O projeto foi financiado pelo BNDES e pelos fundos de pensão Petros, Previ (do Banco do Brasil), Valia (da Vale do Rio Doce), Funcef (da Caixa Econômica Federal), Petrobras e dos bancos BTG Pactual, Bradesco e Santander.

Em 2011, a Setebrasil foi contratada pela Petrobras para construir 28 sondas de perfuração, um total de US$ 22 bilhões. Segundo depoimento de Barusco à Justiça Federal, havia um acordo de pagamento de propina de 1% para os contratos entre a Setebrasil e os estaleiros – percentual reduzido depois para 0,9%. Essa combinação foi feita entre Barusco, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e os estaleiros.

Graça Foster disse que o modelo de criação da Setebrasil era “muito inteligente, muito bem estruturado”. “Eu lamento a propina”, disse.

Ela admitiu também que participou, como presidente da empresa, da venda de ativos na Petrobras na África – ao responder pergunta do deputado André Moura (PSC-CE), um dos sub-relatores da CPI. Mas disse que a decisão de vender os ativos já havia sido tomada um ano antes de assumir a presidência da companhia.

Sobrepreço no Gasene
Graça Foster também contestou números apresentados por integrantes da CPI da Petrobras a respeito de sobrepreço e valores de contratações da estatal. O deputado Bruno Covas (PSDB-SP) questionou acórdão do TCU que apontou sobrepreço de até 1.800% na construção do gasoduto Gasene, entre o Espírito Santoi e a Bahia. “O sobrepreço foi de 20% e esses 1.800% se referiam a uma manta geotérmica, um dos componentes da obra”, explicou.

Ela também rebateu afirmação do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) de que a empresa do marido dela, a C Foster, teria sido contratada por 616 milhões de dólares pela Petrobras. “O contrato foi de R$ 616 mil”, disse ela.

Essa é a quinta vez que a ex-presidente Graça Foster vem ao Congresso explicar irregularidades na Petrobras.

A CPI está reunida no plenário 2.

Mais informações a seguir.

Reportagem - Antonio Vital
Edição - Natalia Doederlein

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