Para Rubem Barboza, é arriscado mudar radicalmente o sistema eleitoral

24/03/2015 - 20:44  

O cientista político Rubem Barboza, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), alertou que é arriscado fazer mudanças radicais no sistema eleitoral. No entanto, ele afirmou, durante debate nesta terça-feira (24) da comissão especial da reforma política (PECs 344/13, 352/13 e outras), que é “suicídio” o Brasil continuar com o atual sistema de financiamento de campanha, que só gera escândalos, e que é contrário ao financiamento público exclusivo, que considera muito caro.

A deputada Moema Gramacho (PT-BA) sugeriu uma troca de termos quando se discute o financiamento de campanhas no Brasil. Para ela, em vez de falar-se de financiamento público – porque, avaliou, isso confunde a população, que teme corte de verbas para saúde e educação –, o correto seria falar no fim do financiamento privado feito por empresas.

Barboza, ainda em sua manifestação, destacou que a reforma política a ser feita no Brasil é a mesma buscada por vários países. O intuito dessas reformas é, na essência, fortalecer os partidos e promover uma reaproximação dos parlamentos com a sociedade. Ao também criticar o “distritão”, em que os candidatos mais votados de determinado estado ou município seriam os eleitos, ele alertou para o risco de que, nesse sistema, governadores venham a ter grande influência nos pleitos.

Barboza defendeu também uma reforma tributária com uma maior repartição de recursos para os municípios e criticou a ideia de coincidência de eleições em todos os níveis (federal, estadual e municipal). Hoje, disse, o poder de agenda na política é ditado pelo governo federal, que detém a maior parte do dinheiro público, e a coincidência de eleições sacrificaria ainda mais o debate político local. Ao tocar na questão federativa, Barboza recebeu apoio dos deputados Samuel Moreira (PSDB-SP) e Uldurico Júnior (PTC-BA).

Reportagem – Ralph Machado
Edição – Marcos Rossi