Política e Administração Pública

Propinas a Renato Duque e João Vaccari eram institucionais, diz Pedro Barusco

10/03/2015 - 18:41  

Nilson Bastian / Câmara dos Deputados
Oitiva com Pedro José Barusco Filho, ex-gerente da Petrobras e delator da Operação Lava Jato, da Polícia Federal
Pedro Barusco (ao microfone): propina variava entre 1% e 2% dos valores dos contratos com a Petrobras.

À CPI da Petrobras, o ex-gerente de Tecnologia da estatal Pedro Barusco admitiu ter começado a receber propinas por contratos firmados pela Petrobras a partir de 1997 ou 1998. Ele classificou como “institucionais” as propinas que começou a dividir, a partir de 2004, com o ex-diretor Renato Duque e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Barusco repetiu informações que constam dos depoimentos que já prestou no processo de delação premiada junto à Justiça Federal.

Ele ratificou à CPI que a propina paga pelas empresas contratadas pela Petrobras variava entre 1% e 2% dos valores dos contratos, e que esses recursos eram divididos da seguinte maneira: metade para o PT, por meio de João Vaccari, e metade para a “Casa”, como ele chama os diretores da Petrobras envolvidos no esquema. Ele menciona, entre estes, Renato Duque e, eventualmente, Jorge Luiz Zelada e Roberto Gonçalves.

Ele admitiu que parte da propina foi usada nas eleições presidenciais de 2010. Em depoimento à Justiça, ele afirmou que, em 2010, Renato Duque (então diretor de Serviços da Petrobras, ao qual Barusco era subordinado) pediu ao empresário Júlio Faerman, representante da empresa holandesa SBM, US$ 300 mil como “reforço” de campanha eleitoral, “provavelmente” a pedido de João Vaccari Neto, quantia que teria sido “contabilizada” por ele como “pagamento destinado ao PT”.

“Aqueles 300 mil dólares que eu mencionei como reforço de campanha eram para a campanha eleitoral de 2010”, disse Barusco à CPI.

Ele detalhou nos depoimentos propinas pagas por conta dos contratos da empresa Setebrasil, contratada pela Petrobras em 2011 para construir sondas de perfuração do pré-sal. Ele disse que a propina era distribuída da seguinte maneira: 2/3 para Vaccari e 1/3 para a “Casa” – ou seja, para os diretores da Setebrasil: Barusco, João Carlos de Medeiros Ferraz (presidente da Setebrasil) e Eduardo Musa (diretor de Participações).

Reportagem - Antônio Vital
Edição - Newton Araujo

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