Política e Administração Pública

Cunha: Câmara poderá rever decisão sobre passagem para cônjuges de deputados

26/02/2015 - 17:32   •   Atualizado em 26/02/2015 - 18:37

Rodolfo Stuckert/Câmara dos Deputados
Presidente da Câmara, dep. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) fala sobre a concessão de passagens aéreas para as esposas de parlamentares
Eduardo Cunha: se a Mesa Diretora quiser rever a medida, é um direito dela. Não tem problema nenhum da minha parte.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afirmou nesta quinta-feira (26) que a Mesa Diretora poderá rever a permissão para compra de passagens aéreas para cônjuges dos parlamentares.

“Não vejo nada demais [com a medida]. Mas se a Mesa quiser rever, é um direito dela. Na próxima reunião ela que trate. Não tem problema nenhum da minha parte”, afirmou Cunha. A medida permitindo a compra foi decidida em reunião nesta quarta-feira (25).

Ele lembrou que a regra que valia até 2009 abria a possibilidade de uso de passagens aéreas por filhos, amigos e correligionários. Depois a regra mudou por causa de denúncias de uso indevido da verba.

Agora a regra ficou restrita aos cônjuges e é a mesma usada pelo Itamaraty para a concessão de passaporte diplomático: a comprovação do casamento ou de união estável reconhecida em cartório.

PSDB
Em nota, o líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), disse que para ele e para a 3ª secretária da Casa, deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), "o pagamento de passagens aéreas para esposas e maridos de parlamentares está na contramão do que a sociedade espera de seus representantes no Congresso". O benefício foi aprovado pela Mesa com o voto contrário da deputada, representando a opinião do partido.

Segundo o líder, os deputados tucanos não usarão esses recursos. “É inaceitável que, num momento em que a sociedade é penalizada com o aumento de impostos e alta nos preços, conceda-se esse privilégio aos parlamentares. É um total desrespeito com os brasileiros, que já estão pagando o preço da incompetência do governo Dilma e agora, terão de arcar com essa mordomia. É um contrassenso. O PSDB não fará parte dessa vergonha, também em respeito aos próprios cônjuges de seus parlamentares”, afirmou Sampaio.

Para a deputada Mara Gabrilli, a Câmara não pode "cometer o mesmo erro e a desfaçatez do governo", que exige sacrifícios da sociedade e não faz a sua parte. “A Câmara tem de dar o exemplo e abrir mão de despesas como essa, que a distanciam ainda mais de seus representados”, afirmou.

Questionamento
“Enquanto estava valendo este procedimento até 2009, o PSDB usava muito, de todas as maneiras. Então eu não vejo porque, se até 2009 não questionava, vai questionar agora. Devia ter questionado naquele momento”, afirmou Cunha. Segundo ele, um dos deputados que mais pediu para garantir a passagem para cônjuges é do PSDB do Maranhão.

O Psol, o PSDB e o PPS já anunciaram que não pretendem fazer uso desse benefício.

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Newton Araújo

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