Política e Administração Pública

Reforma política será bandeira do PDT em 2015

02/02/2015 - 13:23  

Saulo Cruz
André Figueiredo
André Figueiredo está em seu terceiro mandato de deputado federal.

O cearense André Figueiredo, 48 anos, comandará o PDT nos trabalhos da Câmara dos Deputados em 2015. O cargo não é novidade para ele, que já foi líder do partido em anos anteriores. Neste ano, Figueiredo concentrará seus esforços na aprovação de uma reforma política. “Se não votarmos neste ano, será difícil fazer durante toda a legislatura”, acredita o deputado.

Apesar de integrar a base de apoio do governo de Dilma Rousseff, o líder do PDT disse que não aceitará medidas que prejudiquem os trabalhadores. O Brasil, segundo ele, precisa gerar mais empregos de qualidade.

Advogado, economista e empresário, André Figueiredo está em seu terceiro mandato como deputado federal, sempre pelo PDT, legenda à qual se filiou em 1984. Na Câmara, integrou diversas comissões, atuando principalmente nas áreas do esporte e da juventude. Fora do Parlamento, Figueiredo foi secretário do Esporte e Juventude do Ceará e secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Emprego. Atualmente, é presidente do PDT no Ceará e vice-presidente nacional do partido.

Leia abaixo entrevista concedida pelo líder à TV Câmara.

Quais são as perspectivas do partido para 2015?
Queremos aproveitar este ano, que não é eleitoral, para discutir questões extremamente importantes para o País. Reforma política é a principal. Se não votarmos uma proposta de reforma política neste ano, será difícil fazer durante toda a legislatura, assim como aconteceu na passada. Começamos a discutir em 2011 e acabamos concluindo 2014 sem votar nada de significativo no que tange à mudança desse processo eleitoral, que cada vez mais afasta pessoas de bem e privilegia aqueles que mercantilizam e deturpam o processo democrático. Então, queremos aproveitar o ano de 2015 para discutir o Brasil a partir de uma reforma política, que pode migrar para uma reforma do Estado brasileiro e envolver alguns temas como a reforma tributária. Nós poderemos discutir a desoneração do capital produtivo e onerar mais ainda o capital especulativo. O Brasil precisa produzir, precisa crescer. É por isso que queremos discutir também essa política econômica do governo federal. Mesmo sendo da base, o PDT tem uma visão muito crítica de algumas ações que estão sendo implementadas pela equipe econômica.

Como fica a relação do PDT com o governo ao longo do ano? O partido continua na base do governo?
O partido é da base do governo. Nós ajudamos a eleger a presidenta Dilma, mas dentro de pressupostos. Não aceitamos algumas medidas que estão sendo colocadas, a penalização de direitos trabalhistas nessa última medida provisória [MP 665/14]. Queremos fazer modificações contundentes, principalmente no que tange ao seguro-desemprego para o primeiro emprego. Estamos fazendo um estudo para mostrar ao governo. Nesse aspecto, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, tem sido um parceiro para levar à presidenta Dilma as informações para corrigir as distorções. Além disso, estamos batalhando contra a elevação da taxa de juros, contra medidas ortodoxas que, a despeito de privilegiar uma meta do superávit primário, acabam trazendo extremas dificuldades para atingir uma meta de superávit social. O Brasil é um país ainda muito desigual. Precisamos de investimentos, precisamos gerar mais emprego, emprego de qualidade. Só assim a gente vai fazer do Brasil um país mais justo.

Além da reforma política, existem outras propostas legislativas próprias do PDT que o partido vai defender neste ano?
Nós queremos discutir, dentro da reforma política, a fidelidade partidária. Essa proliferação de novos partidos que visam única e exclusivamente arrecadar fundo partidário, mercantilizar tempo de televisão, barganhar apoios, precisamos dar um basta. Temos que discutir com veemência a proposta de reformulação do Estado brasileiro, a partir da discussão do papel dos três Poderes, para que as atribuições de um não sejam usurpadas por outro. Hoje é comum o Executivo legislar e até o Judiciário. Então, temos que discutir e fazer com que os papéis constitucionais dos Poderes sejam colocados em prática. Nós trabalharemos diuturnamente para mostrar que Política com P maiúsculo ainda é possível no nosso País. Ainda é possível a população acreditar e cobrar.

Reportagem – Noéli Nobre
Edição – Daniella Cronemberger

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