Política e Administração Pública

Relatório paralelo da CPMI da Petrobras pedirá indiciamento de pelo menos oito pessoas

11/12/2014 - 17:06   •   Atualizado em 11/12/2014 - 18:37

Divulgação
Deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP)
Carlos Sampaio: relatório de Marco Maia pegou leve demais numa investigação seríssima e com consequências graves.

Cinco partidos de oposição (PSDB, DEM, PPS, PSB e Solidariedade) vão apresentar, na quarta-feira (17), um relatório paralelo para a Comissão Parlamentar Mista que investiga (CPMI) a Petrobras e pedir o indiciamento do deputado Luiz Argôlo (SD-BA), do deputado cassado André Vargas (sem partido-PR), do doleiro Alberto Youssef, do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e de executivos da empresa Toyo Setal.

Segundo o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), escolhido para redigir o texto, o relatório apresentado pelo deputado Marco Maia (PT-RS) nesta quarta-feira (10) “pegou leve demais”.

“O relatório deixou a desejar, o relator pegou leve demais numa investigação seríssima e com consequências graves. E, portanto, nós apresentaremos um relatório paralelo de todas as oposições”, afirmou o parlamentar. A votação do relatório de Marco Maia está prevista para a próxima quarta-feira (17), às 10h15.

Argôlo
Argôlo não foi encontrado pela reportagem para comentar sobre a proposta de indiciamento. Segundo sua assessoria, o parlamentar está no interior da Bahia, sem comunicação.

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara aprovou, no fim de outubro, a cassação do mandato de Argôlo por quebra de decoro. O relatório do deputado Marcos Rogério (PDT-RO) fala da relação entre Argôlo e Youssef e cita documento da Polícia Federal que indica que o parlamentar teria intermediado uma conversa entre o diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, e Youssef.

O advogado de Argôlo afirmou durante a leitura do relatório no Conselho de Ética, em 14 de outubro, que o parlamentar não tem nenhum envolvimento com a Petrobras.

Defesa
O relator, deputado Marco Maia, afirmou que não incluiu Argôlo e Vargas em seu parecer porque a relação deles com Youssef não tinha a ver com desvios na Petrobras. “Tudo que tem a ver com a Petrobras nós investigamos. O caso do deputado André Vargas, do Argôlo estão com as relações deles com o Youssef”, disse, após a reunião na última quarta-feira. Argôlo e Vargas são acusados de receber recursos ilícitos de Youssef, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal.

O relatório de Maia pede para o Ministério Público aprofundar a investigação sobre os ex-diretores da estatal Paulo Roberto Costa (Abastecimento), Nestor Cerveró (Área Internacional) e Renato Duque (Serviços), o doleiro Alberto Youssef e outras 48 pessoas.

Nesta quinta-feira (11), o Ministério Público Federal apresentou denúncia contra 35 investigados na sétima fase da Lava Jato, 22 deles empresários das empresas Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, OAS e UTC. Os nomes apareceram na lista de Marco Maia para aprofundar a investigação.

Segundo Maia, o pedido para aprofundar a investigação é uma solicitação de indiciamento. Ele afirmou que não fez o indiciamento pessoa a pessoa porque seria inócuo fazer o pedido de pessoas já denunciadas à Justiça, como Paulo Roberto Costa. “Seria inócuo eu dizer ‘vamos responsabilizar o Paulo Roberto Costa por tais e tais crimes’. Ele já tá indiciado, inclusive denunciado e há pessoas que a investigação precisa avançar mais, como Nestor Cerveró”, afirmou após a apresentação do relatório.

Aprovação
Sampaio acredita que o texto poderá ser aprovado porque os parlamentares da base do governo não têm ido às reuniões da comissão. A oposição tem apenas oito entre as 32 vagas dos titulares da CPMI.

Pasadena
Para Sampaio, é “estarrecedor” o questionamento feito pelo relator Marco Maia, no texto entregue nesta quarta-feira, à decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de um prejuízo de US$ 792 milhões na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

“É estarrecedor que o relator tenha apresentado como sendo uma compra normal a da refinaria de Pasadena, quando todos, inclusive o TCU, defende que este é um dos casos em que houve a maior roubalheira do País”, afirmou o deputado tucano.

Segundo Marco Maia, a decisão, tomada em julho, precisa ser reavaliada. A justificativa foi que o acórdão foi “baseado em cenário que deixou de considerar fatores importantes que justificam o negócio”. Entre os pontos ignorados pelo tribunal, de acordo com o relator, estão outras compras de refinarias feitas à época e a rentabilidade atual e futura de Pasadena.

Políticos
Sampaio retomou a crítica de outros parlamentares da oposição sobre a ausência do braço político do esquema de desvio de recursos da Petrobras no relatório final. “O relator não abordou nem de passagem a questão de envolvimento do tesoureiro do PT [João Vaccari Neto], envolvido e denunciado por todos os delatores. E sequer comentou a questão das doações de campanha feitas com recursos criminosos”, disse.

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Newton Araújo

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