Política e Administração Pública

CPMI da Petrobras quebra sigilos de tesoureiro nacional do PT

Comissão também aprovou a reconvocação do ex-diretor da Área Internacional da estatal Nestor Cerveró, além das convocações do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e do presidente licenciado da Transpetro, Sérgio Machado; e da realização de uma acareação entre Cerveró e Paulo Roberto Costa.

18/11/2014 - 16:21   •   Atualizado em 18/11/2014 - 16:38

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Reunião Ordinária
Trabalhos da CPMI se encerrarão no domingo, mas partidos buscam assinaturas para prorrogá-los por um mês.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras aprovou há pouco, em uma votação apertada (12 votos a favor e 11 contra), a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, de 2005 a maio de 2014. A reunião da CPMI já foi encerrada por causa do início da Ordem do Dia do Plenário.

Em depoimento à Justiça do Paraná, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, afirmou que Vaccari era o responsável no PT por receber propina do esquema que teria desviado R$ 10 bilhões da estatal.

Parlamentares da base do governo criticaram a aprovação. “Busca-se somente a disputa partidária nesse caso. O senhor Vaccari não tem, neste instante, nenhum indiciamento”, afirmou o senador Wellington Dias (PT-PI). Segundo ele, se for para analisar contas de tesoureiros de partidos, é necessário chamar os demais partidos, que receberam doações de campanhas das empreiteiras sob suspeita na Operação Lava Jato.

“Vamos quebrar o sigilo de todos [os tesoureiros] e, quem sabe, de presidentes de partidos também”, sugeriu a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). A proposta, porém, não obteve o apoio de parlamentares da oposição.

O 1º vice-presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), também criticou a convocação do tesoureiro do PT e aproveitou para negar que Fernando Soares, conhecido como "Fernando Baiano", seja operador do partido em negócios da Petrobras, como aponta a Justiça do Paraná. “O PMDB nunca teve um operador e nunca precisaria disso. Por que um partido político precisa ter um operador?”, questionou.

Convocações
A CPMI também aprovou por unanimidade a reconvocação do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró para falar na comissão. Ele já tinha deposto em setembro na CPMI; em maio, na CPI exclusiva do Senado sobre a Petrobras; e em abril, na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.

Em seguida, foi aprovada a convocação do ex-diretor de Gás e Energia da estatal Ildo Sauer. Em entrevista, Sauer disse que o governo do ex-presidente Lula permitiu que grupos de parlamentares se reunissem com dirigentes da estatal para obter "ajuda". Ele teve os bens bloqueados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por causa da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. “Se termina saindo do foco daquilo que é o centro. Estamos falando de algo em que nem o fato é revelado”, criticou o senador Wellington Dias (PT-PI).

Anteriormente na reunião de hoje, a CPMI já aprovara as convocações do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, preso na Operação Lava Jato na sexta-feira (14); e do presidente licenciado da Transpetro, Sérgio Machado; e ainda a realização de uma acareação entre Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa.

Prorrogação
Parlamentares do PSDB e do PPS afirmaram que já enviaram para a comissão as assinaturas de seus deputados para prorrogar o funcionamento da comissão. Caso o requerimento para prorrogar os trabalhos por mais um mês não atinja o número mínimo de assinaturas, esta deve ser a última semana da CPMI, programada para terminar neste domingo (23). Faltam assinaturas de 122 deputados para totalizar o mínimo de 171; pelo Senado, já há número suficiente (27).

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Marcos Rossi

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