Política e Administração Pública

Argôlo nega denúncias sobre transações financeiras irregulares com doleiro Youssef

02/09/2014 - 17:40  

Antonio Augusto/Câmara dos Deputados
Oitivas das testemunhas arroladas pela defesa nos processos Nºs 14/14 E 15/14, referentes às representações Nºs 26/14 E 27/14, respectivamente, ambas em desfavor do deputado Luis Argolo (SD-BA)
Luiz Argôlo: conversas vazadas à imprensa se referem à venda de um terreno.

O deputado Luiz Argôlo (SD-BA) afirmou nesta terça-feira (2), ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, que as conversas dele com o doleiro Alberto Youssef vazadas à imprensa se referem à venda de um terreno do irmão dele para Youssef. Argôlo disse que intermediou a transação, feita em 2013, no valor de R$ 375 mil. Desse total, segundo ele, Youssef pagou cerca de R$ 200 mil antes de ser preso na operação Lava Jato, da Polícia Federal.

De acordo com o deputado, o doleiro disse que pagaria o terreno com depósitos em conta corrente. Depois, teria sugerido pagar diretamente para os fornecedores a quem o irmão do deputado devia, o que também não ocorreu. Por fim, Youssef teria prometido pagar o terreno à vista, mas sofreu um infarto e, mais tarde, foi preso.

Argôlo é investigado no Conselho de Ética por sua relação com o doleiro. Ele afirmou ter sido apresentado a Youssef como um grande investidor na Bahia, proprietário de hotéis e terrenos.

"Não busquei e não busco a política para me servir dela. Eu tenho a política para servir as pessoas. Se eu ando na rua e um cidadão quer fazer um selfie comigo e tira uma foto e posta no Facebook. Se depois eu descubro que ele é um traficante, um estuprador, um pedófilo, a culpa é minha? Eu acho que não é uma culpa minha", disse Argôlo.

Contadora
Luiz Argôlo disse que está sendo usado como "boi de piranha" e que a operação Lava Jato trata de irregularidades relacionadas à Petrobras. Argôlo afirmou ainda que a ex-contadora de Youssef, Meire Poza, teria pedido R$ 250 mil ao seu advogado, alegando estar em dificuldades financeiras.

No mês passado, Meire disse ao Conselho de Ética que Argôlo teria sido beneficiado com repasses de Youssef no valor de R$ 1 milhão a duas empresas cearenses.

Por telefone, a ex-contadora disse que tem mais provas das suas denúncias e negou ter pedido dinheiro. "Eu nunca pedi nada para o deputado. Ele sabe disso, o advogado dele também sabe disso porque o advogado dele esteve comigo. Esteve comigo em julho, eu não sei lhe precisar a data, mas esteve sim comigo. E eu tenho provas de que eu não pedi nada a ele", afirmou.

Parecer do caso
O deputado Marcos Rogério (PDT-RO), relator do processo contra Luiz Argôlo, disse que vai entregar em breve seu parecer. "Aqueles pontos mais sensíveis das acusações, eu acho que ele enfrentou junto ao conselho. Titubeou em relação a fatos que foram praticados fora da Bahia. Quando questionado sobre o que poderia ser tráfico de influência em relação a empresas fora da Bahia, eu penso que faltou um pouquinho mais de clareza", disse o relator.

Antes de Argôlo, quatro testemunhas de defesa dele buscaram ressaltar a atuação do deputado na Bahia, inclusive a tradição de sua família de promover festas populares e doar objetos para pessoas carentes, como cadeiras de rodas e óculos.

O presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), disse que vai tentar marcar a sessão de votação do relatório sobre o caso Argôlo para o dia 1º de outubro.

Reportagem – Sílvia Mugnatto
Edição – Pierre Triboli

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