Política e Administração Pública

Diretor rejeita denúncia sobre propina de empresa holandesa a funcionários da Petrobras

20/08/2014 - 20:13  

Lúcio Bernardo Jr/Câmara dos Deputados
Oitiva do Diretor de Segurança Empresarial da Petrobras, Pedro Aramis de Lima Arruda
Pedro Aramis Arruda: comissão interna da estatal não identificou pagamento de propina.

O diretor de Segurança Empresarial da Petrobras, Pedro Aramis de Lima Arruda, reafirmou que a comissão interna da estatal não identificou pagamento de propina pela empresa holandesa SBM Offshore. “O resultado final da comissão é que não encontramos qualquer tipo de propina a funcionário da Petrobras”, afirmou Arruda, durante depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga denúncias contra a estatal.

Arruda falou logo após o gerente jurídico internacional da Petrobras, Carlos Cesar Borromeu de Andrade.

De acordo com uma reportagem publicada em fevereiro pelo jornal Valor Econômico, a companhia holandesa, que aluga navios-plataforma a petroleiras, teria pagado 139,2 milhões de dólares a empregados e intermediários da Petrobras. Arruda foi o coordenador da auditoria interna da estatal para apurar as denúncias.

Documentos sigilosos
Arruda confirmou que dois documentos sigilosos repassados a executivos da companhia contratada pela Petrobras foram acessados a partir da senha pessoal de Jorge Luiz Zelada, ex-diretor da área internacional da estatal. “Na sede da empresa da Holanda, havia dois arquivos em PDF gerados com a chave [de acesso] do diretor Zelada”, disse.

Os documentos tratam do plano diretor de desenvolvimento integrado do pré-sal da Bacia de Santos e da contratação de uma embarcação da empresa McDermott, concorrente da SBM.

Repasse suspeito
Arruda reconheceu ainda que o repasse de 139 milhões de dólares da SBM Offshore para o representante da empresa no Brasil, Júlio Faerman, acendeu um botão de alerta na Petrobras. “O fato de ele receber esse valor é uma red flag [sinal de alerta], ou seja, uma preocupação maior com a questão”, afirmou o coordenador da investigação interna sobre as denúncias de propina.

Há a suspeita de que Faerman seria o intermediário do suposto pagamento de propina a funcionários da Petrobras. O diretor de segurança ressaltou que a Petrobras não efetuou pagamento direto a Júlio Faerman.

CPI do Senado
O diretor já foi ouvido pela CPI da Petrobras no Senado. Em depoimento no dia 3 de junho, ele informou que foram 44 dias de investigação, com análise de contratos e aditivos, e o trabalho demonstrou que os negócios seguiram as normas adotadas pela Petrobras.

A estatal tem, desde 1996, 27,67 bilhões de dólares em contratos com a SBM Offshore para fretar dez plataformas (nove aluguéis e uma construção). Das 23 plataformas do tipo FPSO (Unidades Flutuantes de Produção, Armazenamento e Descarga) da Petrobras, oito são da SBM Offshore.

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Pierre Triboli

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