Política e Administração Pública

Ex-presidente de subsidiária da Petrobras nos EUA nega participação no caso Pasadena

30/07/2014 - 19:55  

O ex-presidente da Petrobras America, unidade da estatal brasileira nos Estados Unidos, José Orlando Melo de Azevedo negou participação na negociação comercial e no litígio que envolveram as empresas Petrobras e Astra em torno da refinaria de Pasadena (EUA). Ele prestou depoimento nesta quarta-feira (30) na comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga irregularidades em negócios da Petrobras.

Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga irregularidades nos negócios da estatal brasileira. Mesa (E/D): executivo José Orlando Melo de Azevedo, ex-presidente da Petrobras America; sen. Gim Argello (PTB-DF), vice-presidente da CPMI; dep. Marco Maia (PT-RS), relator da CPMI
Azevedo (E): Petrobras concentra decisões estratégicas na diretoria-executiva no Brasil.

Azevedo presidiu a Petrobras America entre outubro de 2008 e janeiro de 2013, época em que a Petrobras e a belga Astra Oil se enfrentavam na Justiça norte-americana em relação aos passivos da refinaria de Pasadena, comprada pelos brasileiros por cerca de 1,2 bilhão de dólares entre 2006 e 2012. No entanto, Azevedo disse que, nesse caso, apenas acompanhou o processo de arbitragem judicial e cumpriu ordens vindas do setor jurídico e, principalmente, da diretoria-executiva da Petrobras, no Brasil.

"Eu nunca tive nenhuma reunião com a Astra. O processo de gestão da Petrobras concentra as decisões estratégicas na diretoria-executiva, que tem a visão do todo da empresa”, disse Azevedo. “Se você delega isso para as pontas, existiria um risco muito grande de presidentes de empresas decidirem só em seu benefício, o que, no fim, poderia estar prejudicando a Petrobras como um todo. É por isso que todas as decisões são colegiadas. Eu nunca conseguiria enxergar isso [estando] especificamente nos Estados Unidos", afirmou.

A disputa judicial terminou em julho de 2012 com a obrigação de a Petrobras pagar 820 milhões de dólares à Astra por 50% do controle da refinaria de Pasadena.

Parentesco
Durante o depoimento, os partidos de oposição também exploraram o fato de José Orlando de Azevedo ser primo do ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli. Para o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), Azevedo omitiu informações à CPMI.

"Ele era o presidente da Petrobras [America Inc.], estava lá a mando do seu primo [Gabrielli] naquele período em que tivemos a maior dificuldade em termos de empresa e de negócios para o Brasil. É evidente que ele vai omitir e não vai dar as informações necessárias”, disse Rubens Bueno. “O que está havendo é o espetáculo do aparelhamento, levando a essa situação que envergonha 85 mil profissionais da Petrobras", declarou.

O relator da CPMI, deputado Marco Maia (PT-RS), disse que o fato de Azevedo ser primo de Gabrielli é irrelevante. "Ele [Azevedo] é funcionário de carreira, com 36 anos de trabalho na Petrobras e em condições de assumir postos sem influência política", disse Maia.

Para Marco Maia, o depoimento do ex-presidente da Petrobras America era desnecessário, pois a comissão já dispunha das informações prestadas por Azevedo. "É mais um depoimento que será confrontado com tantos outros que teremos durante o processo de investigação. Tudo aquilo que ele tinha de informação, nós vamos conferir com aquilo que está chegando em documentos para nós", afirmou.

Maia acredita que maior contribuição para a investigação será dada na próxima semana (dia 6), durante o depoimento do ex-diretor da área internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada. A CPMI também pretende ouvir outro ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, possivelmente no dia 13.

Decisão do TCU
O relator comentou ainda a recente decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que condenou ex-diretores da Petrobras por prejuízos no caso Pasadena.

"O TCU ainda está em processo de debate sobre as denúncias. Elas [decisões do TCU] ajudam e contribuem com o processo de investigação, mas não são determinantes. Nós vamos aqui aprofundar mais as investigações e, quem sabe, até identificar outros elementos que corroborem com os inquéritos possíveis que teremos no futuro em relação a essas denúncias envolvendo a Petrobras", disse Marco Maia.

Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Pierre Triboli

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