Política e Administração Pública

Em ato na Câmara, manifestantes criticam “campanha para desmoralizar” a Petrobras

Entre outros pontos, deputados governistas e representantes de movimentos sociais atacaram possível criação de CPI para investigar a estatal. Manifesto foi rebatido por líder do DEM.

23/04/2014 - 19:31  

Viola Jr. - Câmara dos Deputados
Ato Público em defesa da Petrobras e do Fundo Social do Pré-Sal
Para o movimento, a Petrobras tem sido vítima de ataques com interesses eleitorais.

Em meio a palavras de ordem e cartazes com dizeres como "a riqueza do petróleo pertence ao povo brasileiro", dezenas de pessoas se reuniram, nesta quarta-feira (23), na Câmara dos Deputados, em um ato público promovido pelas frentes parlamentares em Defesa da Petrobras e do Fundo Social do Pré-Sal. Entre outros pontos, o grupo atacou o que classificou como tentativas de “desmoralizar e privatizar” a estatal. Representantes das bancadas do PT, do PCdoB, sindicatos, entidades estudantis, militantes e movimentos sociais marcaram presença.

Durante o evento, o deputado Luiz Alberto (PT-BA), coordenador da Frente em Defesa da Petrobras, leu um manifesto assinado pela Federação dos Petroleiros, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e outras 13 entidades. No documento, eles afirmam que a empresa é mais uma vez "alvo de ataques em ano eleitoral, amplamente repercutidos pela mídia partidarizada". As intenções, conforme a nota, são "desmoralizar e privatizar" a estatal. O interesse do que chamam de "campanha contra a Petrobras" seria o de acabar com o regime de partilha que fez da Petrobras a única operadora do pré-sal.

O manifesto também criticou uma possível CPI da Petrobras. "Entendemos que as denúncias contra uma estatal devem ser apuradas pelos órgãos fiscalizadores e não por uma CPI, armada para ser palanque eleitoral e midiático dos que defendem a privatização", destaca a nota.

Luiz Alberto disse que a fiscalização já é feita pelo Ministério Público, pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União. "Como é uma empresa muito grande, claro que tem de ter esse controle na sua gestão. Porém, as denúncias, no caso de Pasadena [refinaria norte-americana que teria sido adquirida pela estatal brasileira a preços superfaturados], não se comprovam. O caso da SBM Offshore, que dizem ter sido pago propina a funcionários da Petrobras, também não se comprovou. Portanto, é só discurso eleitoral”, declarou.

Arquivo/Gustavo Lima
Luiz Alberto
Luiz Alberto, do PT: estatal já é fiscalizada por Ministério Público, Polícia Federal e CGU.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, anunciou uma manifestação para 14 de maio, quando 5 mil militantes, de acordo com ele, irão promover um abraço simbólico no entorno do prédio da Petrobras, no Rio de Janeiro.

Pré-sal
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ), coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa do Fundo Social do Pré-Sal, também ressaltou que o interesse dos que criticam a estatal é privatizá-la. "A Petrobras tem um trabalho eficaz, e agora um papel fundamental nos recursos para saúde e educação com o pré-sal. Os opositores não vão conseguir privatizá-la.”

Oposição
O líder do Democratas, Mendonça Filho (PE), passava pelo local da manifestação quando ouviu as críticas aos partidos da oposição. Em uma conversa com os repórteres, bem próximo ao palanque onde os manifestantes discursavam, o parlamentar descartou qualquer intenção de privatizar a estatal do petróleo e defendeu a CPI da Petrobras, como uma forma de fazer valer o papel fiscalizador do Congresso Nacional.

TV CÂMARA
MENDONCA FILHO
Mendonça Filho, líder do DEM, defende CPI: empresa está sendo dilapidada.

"Privatizada a Petrobras já está. Ela está sob controle de grupos privados, corruptos que têm dominado a empresa. Então, a gente tem de devolver a Petrobras ao povo brasileiro, ao controle do Estado”, comentou. “Cabe, sim, ao Parlamento fiscalizar os atos do Executivo e atuar em defesa da Petrobras. Ela está sendo dilapidada, dominada pela incompetência e por atos suspeitos de corrupção muito graves", complementou.

O líder destacou ainda que os argumentos para justificar a CPI são inúmeros e citou como exemplo o suposto pagamento de propina a funcionários da estatal pela holandesa SBM Offshore e as suspeitas de irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

Reportagem – Idhelene Macedo
Edição – Marcelo Oliveira

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