Política e Administração Pública

Artistas lembram na Câmara resistência ao golpe militar

01/04/2014 - 20:56  

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Ato em homenagem à resistência e luta pela democracia. Cerimônia de aposição do busto em homenagem ao ex-deputado federal Rubens Paiva
Busto em homenagem ao ex-deputado Rubens Paiva, morto e desaparecido em 1971 pela ditadura militar.

Atores e cantores se reuniram nesta terça-feira (1º) na Câmara dos Deputados para lembrar os 50 anos do golpe militar. Nos anos de repressão muitos artistas usaram a cultura para protestar de forma disfarçada para não sofrerem censura.

Para a presidente da Comissão de Cultura, deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), as manifestações culturais fizeram parte da resistência e devem ser usadas para sensibilizar as novas gerações da importância da liberdade e da democracia. "Os artistas, a intelectualidade, as universidades brasileiras tiveram um papel fundamental na resistência à ditadura militar ao exarar o sentimento de luta pela liberdade, ao levantar alto a bandeira contra a censura, ao ridicularizar a censura, esse segmento artístico-cultural concorreu para amplificar aquilo que era proibido na mídia oficial."

Rubens Paiva
Logo após o evento foi inaugurado um busto em homenagem ao ex-deputado Rubens Paiva, morto e desaparecido em 1971 pela ditadura militar (1964-1985).

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Presidente da Câmara, dep. Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) participa de cerimonia de aposição do busto em homenagem ao ex-deputado federal Rubens Paiva
Henrique Alves lembrou que seu próprio pai, Aluizio Alves, foi cassado pela ditadura.

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, ressaltou a importância desse ato para lembrar os que foram cassados, torturados e mortos pela ditadura. “Estamos honrando suas historias, suas ideias e suas famílias”, disse Alves durante a cerimônia que contou com familiares de Rubens Paiva.

Ele disse também que é importante para que os jovens conheçam o passado recente da nossa historia e lembrou que seu próprio pai, Aluizio Alves, foi cassado pela ditadura. “Ele defendeu com vigor os ideais da democracia, mas todo esse processo deixou marcas. Eu sei o que nós sofremos. Que fique como lição do orgulho do trabalho que ele desenvolveu.”

A filha de Rubens Paiva, Maria Beatriz Paiva, afirmou que a família ainda espera ouvir um pedido de perdão pela injustiça cometida contra seu pai e tantos outros que lutaram contra a ditadura militar. "O Brasil tenta revisitar sua história e acredito que sociedade brasileira só conseguirá fazer as pazes com esse passado sombrio e por fim se libertar dele quando puder dizer de peito aberto que no seu país, no nosso país a dignidade humana está sendo resgatada e o respeito aos direitos humanos está sendo cumprido."

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) destacou que é preciso lembrar sempre o passado para que a ideia de ditadura seja banida do País.

Teixeira defendeu a desmilitarização da polícia e a revisão da Lei da Anistia (6.683/79) como forma de encerrar esse capítulo da história do Brasil. "Nessa passagem dos 50 anos da ditadura militar além de dizer: "ditadura nunca mais!", nós temos que nos inspirar para aperfeiçoar a democracia, para implementar os direitos e também ver os legados dessa ditadura e fazer o término dessa transição."

As duas atividades fazem parte do calendário de eventos da Câmara dos Deputados para marcar os 50 anos do golpe de 64.

Reportagem - Karla Alessandra
Edição – Regina Céli Assumpção

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