Política e Administração Pública

João Paulo Cunha diz que Supremo selecionou provas do mensalão

Parlamentar afirmou ser inocente.

11/12/2013 - 17:49  

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Dep. João Paulo Cunha (PT-SP) discursa durante Sessão Extraordinária
João Paulo Cunha foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão.

Em um discurso de cerca de quarenta minutos no Plenário da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (11), o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) alegou inocência das condenações a ele impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão.

Ele disse que o ministro do STF Joaquim Barbosa, relator do mensalão, se baseou em acusações seletivas e “virou as costas” para documentos do Tribunal de Contas da União (TCU), da Câmara e da Polícia Federal "que garantiram a legalidade das contratações de publicidade" da Câmara na época em que Cunha foi presidente da Casa.

O deputado foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato. João Paulo lançou, nesta quarta-feira, a revista “A Verdade – Nada mais que a verdade sobre a ação penal 470”.

Peculato
Sobre o peculato, que recai sobre supostos desvios de contratos de publicidade da Câmara dos Deputados, Cunha disse que todas as contas foram aprovadas pelos órgãos competentes. “Como posso pagar por um peculato, dizendo que eu desviei recursos, sem saber de onde saiu esse dinheiro ou para onde foi?”, questionou Cunha.

O deputado ressaltou que não acumulou riqueza na sua trajetória política. “Moro há 21 anos na mesma casa e, não só isso, na periferia da cidade de Osasco. Nesses oito anos não acharam nada e não encontrarão nada porque não há nada a ser encontrado na minha vida”, disse.

Compra de votos
Ele também negou que tenha havido compra de votos na reforma tributária e previdenciária de 2003, lembrando que as reformas tiveram votos favoráveis até da oposição. Segundo ele, os deputados que tocaram as duas reformas não colocariam essas propostas em risco.

Sobre os R$ 50 mil sacados pela esposa de João Paulo Cunha na agência do Banco Rural em Brasília, fato que embasou a condenação por corrupção e lavagem de dinheiro, já que os recursos faziam parte do esquema comandado pelo publicitário Marcos Valério, Cunha disse que o dinheiro custeou o pagamento de pesquisas eleitorais em municípios de São Paulo.

“Pedi para minha mulher pegar os R$ 50 mil para pagar pesquisas na região que tinha influência. Estão nos autos as notas fiscais e os recibos das empresas”, disse.

Recurso

João Paulo Cunha ressaltou que não cumprirá a pena a ele imposta calado. Cunha teve um recurso provido pelo Supremo Tribunal Federal sobre a multa imposta como pena e também pode ter a pena diminuída por embargos infringentes, que serão analisados em 2014.

Reportagem – Carol Siqueira
Edição – Newton Araújo

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