Política e Administração Pública

Garotinho e Caiado protagonizam bate-boca na discussão da MP dos Portos

14/05/2013 - 21:07  

Gustavo Lima / Câmara dos Deputados
Sessão Extraordinária. Votação da MP 595/2012, a MP dos Portos. Dep. Anthony Garotinho (PP-RJ)
Garotinho: "Ponha o dedo no telefone e ligue para o Daniel Dantas, ele vai dar todas as informações".

A discussão da Medida Provisória dos Portos (595/12) nesta terça-feira foi marcada por novo bate-boca protagonizado pelo líder do PR, deputado Anthony Garotinho (RJ).

Desta vez, o deputado se voltou contra o DEM e o PSDB, que decidiram obstruir a votação da MP porque a matéria estaria “sob suspeição” depois que Garotinho disse que ela seria objeto de interesses empresariais. O líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), comprou a briga e chamou Garotinho de “chefe de quadrilha”.

A discussão começou depois que o líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), disse que o partido não aceitava votar a MP dos Portos depois das acusações feitas por Garotinho na semana passada. Segundo Garotinho, uma emenda aglutinativa apresentada pelo líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), tornaria a MP dos Portos em “MP dos Porcos” e em “show do milhão”.

“Essa MP, na fraude, na sacanagem, na malandragem, essa MP dos Porcos, essa MP dos Tios Patinhas, como o PSDB pode votar? Como esta Câmara pode votar, sob acusações de todos os lados?”, questionou Sampaio. O posicionamento foi seguido pelo DEM.

Daniel Dantas
Garotinho respondeu que DEM e PSDB estavam usando as declarações apenas para justificar a obstrução e disse que os dois partidos deveriam entrar em contato com o empresário Daniel Dantas para saber quais interesses estão por trás da MP dos Portos.

“Se o PSDB quer saber mais detalhes a respeito do que eu irei revelar na Comissão de Ética, quando eu for chamado, se está com tanta ansiedade, não obstrua a votação em prejuízo do Brasil — ponha o dedo no telefone e ligue para o Daniel Dantas, e ele vai dar todas as informações”, provocou Garotinho.

Laycer Tomaz/Câmara dos Deputados
Sessão Extraordinária. Dep. Ronaldo Caiado (DEM-GO)
Caiado: "Estou convencido de que vossa excelência [Garotinho] faz parte do chiqueiro que denunciou".

Dantas é dono do banco Opportunity e sócio da Santos Brasil, empresa que controla cerca de 20% da movimentação de contêineres do Brasil. Ele já foi investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios e pela Operação Satiagraha, da Polícia Federal, quando chegou a ser preso.

Sampaio disse que só conhece Dantas porque o investigou na CPI dos Correios. Já o líder do DEM, Ronaldo Caiado, disse que Garotinho "faz parte do chiqueiro" que denunciou. "Estou convencido de que vossa excelência faz parte do chiqueiro. Está contaminado com a catinga dos porcos", disse.

Troca de acusações
Caiado se referiu a Garotinho como "chefe de quadrilha" e disse que ele deveria estar na cadeia, já que foi condenado pela Justiça. O líder do DEM afirmou que Garotinho não teria moral para comentar a honra dos outros deputados. "Garanto que, daqui para fora, o senhor é um frouxo, amarela. Não venha achar que vai fazer o jogo e pressionar as pessoas de bem deste Plenário", disse Caiado.

Garotinho rechaçou a menção de Caiado a um processo no qual foi condenado. “Antes de falar a besteira que falou aqui a respeito da condenação de um juiz, deveria saber que esse juiz o fez a pedido, como eu denunciei no Conselho Nacional de Justiça, de Ricardo Teixeira e Sérgio Cabral”, defendeu-se.

Laycer Tomaz/Câmara dos Deputados
Sessão Extraordinária. Dep. Toninho Pinheiro (PP-MG) sobe na mesa da presidência com faixa em protesto
Deputado Toninho Pinheiro segura faixa de protesto em frente à Mesa Diretora.

O líder do PR acusou Caiado de apelar para xingamentos por não ter argumentos. “Quando as pessoas não têm razão, elas partem para a violência; quando as pessoas não têm argumento, partem para o arroubo”, disse Garotinho.

O bate-boca só foi encerrado depois dos apelos do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e da manifestação solitária do deputado Toninho Pinheiro (PP-MG), que invadiu a Mesa Diretora segurando uma faixa dizendo: “R$ 8,3 bilhões empenhados. Tiraram da saúde em 2012”.

Toninho se recusou a sair, foi acalmado por deputados e levado ao Departamento Médico da Câmara. O incidente, no entanto, levou ao encerramento daquela sessão e da discussão entre os parlamentares.

Reportagem – Carol Siqueira
Edição – Pierre Triboli

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