Política e Administração Pública

Rejeitada urgência para projeto sobre troca de partido

Líderes do PSDB, do PSB e do PPS reclamaram que o pedido de urgência foi incluído na pauta de maneira repentina, sem consulta prévia.

10/04/2013 - 23:32   •   Atualizado em 10/04/2013 - 23:44

O Plenário rejeitou nesta quarta-feira (10) o regime de urgência para o Projeto de Lei 4470/12, do deputado Edinho Araújo (PMDB-SP), que impede a transferência do tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão e dos recursos do Fundo Partidário relativos aos deputados que mudam de partido durante a legislatura.

Arquivo/Brizza Cavalcante
Alfredo Sirkis
Alfredo Sirkis: proposta pode desarticular a criação do novo partido da ex-senadora Marina Silva.

Apesar de ter atingido a maioria dos votos (247), o requerimento de urgência não pôde ser aprovado porque esse regime de tramitação precisa de 257 votos favoráveis. No total, foram 247 votos a favor, 20 votos contra e 9 abstenções.

Um dos objetivos da proposta é impedir o processo que ocorreu com a criação do PSD, em que o novo partido, apesar de não ter participado das eleições de 2010, conseguiu na Justiça o direito ao fundo e ao tempo de televisão.

A discussão do pedido de urgência gerou polêmica entre os partidos. Para o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), a proposta visa desarticular a criação do novo partido da ex-senadora Marina Silva.

Sirkis afirmou que, se o projeto for aprovado, o novo partido não terá direito à parcela do fundo e ao tempo de rádio e TV de quem ingressar na legenda. "As regras mudaram para favorecer o PSD e, depois, [serão] trocadas para prejudicar a Rede [o partido em criação]", criticou.

Sem acordo
O PSDB, o PSB e o PPS, por sua vez, reclamaram da “inclusão repentina” na pauta do pedido de urgência para o projeto. O líder do PSB, deputado Beto Albuquerque (RS), disse que a votação "na cruzada da noite" iria contra a prática de acordos no Colégio de Líderes.

O mesmo argumento foi utilizado pelo líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), que alegou não ter tido tempo de discutir a proposta com seus vice-líderes e com a bancada.

O deputado Roberto Freire (PPS-SP) também protestou e lembrou que o requerimento de urgência foi assinado por líderes que não estão mais no cargo.

Esse argumento, no entanto, foi condenado pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves. "O requerimento é um ato perfeito encerrado, que não é invalidado por ter mudado a liderança de partido A ou B", disse Alves.

Gustavo Lima/Câmara
Grande Expediente. Dep. Anthony Garotinho (PR-RJ)
Garotinho: "Precisamos coibir o aliciamento de deputados".

Partidos favoráveis
Diversos deputados se manifestaram a favor do projeto. Para o líder do PR, deputado Anthony Garotinho (RJ), há um "leilão" de deputados motivado pelo Fundo Partidário. "A primeira vítima foi o DEM [que perdeu mais deputados com a criação do PSD]. Precisamos coibir o aliciamento de deputados", disse.

O líder do PT, deputado José Guimarães (CE), disse que não é justo dar a partidos recém-criados os mesmos direitos de partidos com legado. "Não se pode mais trocar de partido como se troca de camisa."

Para o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), é preciso acabar com a "portabilidade" do tempo de TV dos deputados. "Mesmo tendo sido o mais prejudicado com o PSD, queremos essa votação", disse.

Definição da pauta
Após a rejeição da urgência, o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) pediu que o presidente da Câmara chame os líderes partidários para rediscutir a inclusão de matérias em pauta.

"Precisamos criar um clima para reconstrução de regras de governança entre nós", disse Jardim. “A urgência foi colocada em votação sem ser discutida nem acordada."

O deputado Walter Feldman (PSDB-SP) também reclamou da votação da urgência. "Abaixo o método sorrateiro de votação de propostas", disse.

Reportagem – Carol Siqueira e Eduardo Piovesan
Edição – Pierre Triboli

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