Política e Administração Pública

Senado cassa mandato de Demóstenes Torres por 56 votos a 19

11/07/2012 - 13:35  

Por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, o Senado cassou nesta quarta-feira o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), acusado de utilizar o seu mandato para defender os interesses do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal sob acusação de exploração de jogos ilegais e de corrupção. Com essa decisão, Demóstenes está inelegível até fevereiro de 2027.

Durante o julgamento, o presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), disse estar tranquilo quanto à forma como foi conduzido o processo de perda de mandato. De acordo com Valadares, foram obedecidos todos os trâmites legais e garantido o direito à ampla defesa e ao contraditório. "No entanto, essa tranquilidade não se configura, em hipótese alguma, em alegria de processar e julgar um colega nosso."

Valadares elogiou a inteligência, a capacidade e a competência de Demóstenes Torres, mas disse que a decisão dos senadores deve ser coerente com o que eles julgam justo e moralmente correto.

Dever
O presidente do Senado, José Sarney, disse antes da sessão que a tarefa não era agradável. “É sempre uma sessão que não é agradável para ninguém. Mas temos que cumprir com nosso dever”, afirmou.

Indagado por jornalistas se o julgamento era ruim para a imagem do Senado, Sarney respondeu: “Ruim? A instituição está mostrando que funcionam seus mecanismos de controle e decoro parlamentar”.

Psol
“O que está em jogo não é a condenação de conduta errônea. A votação de hoje é um sinal a milhões de brasileiros sobre a credibilidade de uma instituição centenária, fundamental para democracia em nosso País”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP).

Randolfe falou em nome do Psol, partido que ingressou com representação contra Demóstenes Torres no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, e afirmou que o cargo de senador exige uma espécie de “sacerdócio com a coisa pública”.

Defesa
Em seu último discurso no Senado, Demóstenes reafirmou que era inocente. "Eu quero pedir aos senhores. Por favor, me deem a oportunidade de provar que sou inocente. Não acabem com a minha vida. Não me deixem disputar uma eleição só em 2030", disse.

Ao se defender, disse que Cachoeira deve ser punido se for culpado. "Se Carlos Cachoeira cometeu crimes, cana nele. Eu não fiz nada, não tem nada contra mim, nenhuma denúncia contra mim", afirmou.

Também insistiu que fosse julgado no Senado com base nos autos da Justiça. "Me deixem ser julgado pelo Poder Judiciário. Me deixem ser julgado pelo povo do meu estado", declarou.

* Matéria atualizada às 14h47.

Da Redação/WS
Com informações da Agência Senado

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