Política e Administração Pública

Governo e oposição defendem investigação ampla pela CPMI do Cachoeira

19/04/2012 - 13:50  

Saulo Cruz
Instalação da CPMI do Cachoeira
Congresso reunido para criação da CPMI: apoio de 409 parlamentares.

Parlamentares de partidos governistas e da oposição defenderam nesta quinta-feira (19) "investigação ampla" pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai analisar as relações do contraventor Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados.

"O governo não pode blindar certos fatos. Quem blindar pagará um preço alto perante a sociedade", disse o líder do DEM no Senado, senador Agripino Maia (RN). O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) lembrou que foram os parlamentares da base governista que começaram a coletar assinaturas para a criação da CPMI. "Queremos que a apuração vá até o fim, não temos medo dela", afirmou. Ele disse esperar que a sociedade cobre o esclarecimento de todos os fatos.

Para o líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), a eficácia da CPMI dependerá de sua composição. "Não pode haver empate técnico do tipo não investigue os meus que eu poupo os seus", afirmou. "A CPMI tem de fazer investigação ampla sobre as teias horizontais construídas pelo empresário Carlinhos Cachoeira, que permeiam os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, chegando até mesmo ao Ministério Público", defendeu.

O líder do PR, deputado Lincoln Portela (MG), ressaltou que seu partido não fará papel de oposição nem de governo. "O importante aqui é a responsabilidade para a apuração dos fatos", afirmou. Conforme a senadora Ana Amélia (PP-RS), a expectativa popular em torno do resultado da CPMI não pode ser frustrada. "Não podemos abrir mão do compromisso de salvar o Parlamento do envolvimento com práticas criminosas", disse.

Governo x oposição
Tanto o líder do DEM na Câmara, deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), quanto o líder do PT, deputado Jilmar Tatto (SP), afirmaram que a CPMI vai investigar todas as acusações, “doa a quem doer”.

Magalhães Neto destacou que, dos 30 membros titulares, a oposição só terá sete. Na visão do parlamentar, o governo petista vem "sepultando as CPIs no Brasil", como as CPIs da Petrobras e das ONGs. "O governo vem usando de sua ampla maioria para acobertar a corrupção", afirmou. "Esta é uma nova oportunidade para que a base do governo demonstre seu espírito público e os membros que estão sendo indicados não saiam como os ‘pizzaiolos’ que enterraram mais essa investigação", completou.

Para o líder do PT, deputado Jilmar Tatto (SP), se a oposição é minoria na CPMI, é porque há menos deputados da oposição na própria composição do Parlamento. “Se há menos membros da oposição, é porque o povo quis”, afirmou. Segundo ele, a comissão vai apurar, independentemente da filiação partidária dos investigados, a infiltração do crime organizado no Estado brasileiro, seja nos Poderes Executivo ou Judiciário ou no Ministério Público. "Não vamos fazer prejulgamento e condenar sem ampla defesa. Não vamos usar matérias de jornal; queremos que os fatos sejam apurados com serenidade, paciência e de forma criteriosa", explicou.

Delta
Para o líder do PSDB, deputado Bruno Araújo (PE), a CPMI terá como principal meta revelar as operações das empresas que têm, "de forma não republicana e invasiva",  ligações com o Poder Público. "A participação da [construtora] Delta em contratos com o Poder Público precisa ser investigada em todas as esferas", sustentou.

Segundo o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que esteve na Câmara para participar de audiência pública sobre o endividamento dos estados, o seu partido será sempre favorável ao esclarecimento de quaisquer fatos envolvendo a vida pública de políticos e a punição de irregularidades comprovadas.

Reportagem - Lara Haje e Murilo Souza
Edição – Natalia Doederlein

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