Política e Administração Pública

Clima de insatisfação da base impede votações desta quarta-feira

Líderes da base esvaziaram o Plenário como sinal de descontentamento com o governo. Para o líder do governo, a questão será resolvida até a sessão de amanhã.

10/08/2011 - 20:00  

Beto Oliveira
Dep. Cândido Vaccarezza (PT-SP)
Líder do governo, Cândido Vaccarezza: "Eu vou admitir o termo "suposta crise na base'".

A ameaça de obstrução de alguns partidos da base governista, insatisfeitos com a interlocução com o governo federal, impediu a votação da Medida Provisória 532/11, prevista para esta quarta-feira. “Eu vou admitir o termo ‘suposta crise na base’”, disse o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP). A MP atribui à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a fiscalização e a regulamentação do setor produtivo de etanol, antes considerado um subproduto agrícola.

“Hoje os líderes me informaram que existia um clima que dificultava as votações. Eu considerei, pois estamos com prazo e até terça-feira que vem terminamos a votação da MP 532”, completou. O líder governista disse que vai reunir a base no final da noite de quarta-feira para tentar resolver os problemas e garantiu que haverá votações na sessão desta quinta-feira.

Falta de interlocução
Tanto Vaccarezza quanto os outros líderes da base não quiseram mencionar os fatores específicos de insatisfação, mas especula-se que as demissões e prisões nos ministérios e a falta de interlocução com o Palácio do Planalto estejam entre os fatores de descontentamento. Para o presidente da Câmara, Marco Maia, a instabilidade entre os aliados do governo tem origem “nos acontecimentos políticos das últimas semanas”.

O líder do governo negou que haja crise na base, e assegurou que não haverá paralisação das votações. “Não há crise, mas um período de pequeno desconforto que precisa ser tratado com paciência”, afirmou. Já Marco Maia, no entanto, avaliou que o clima de instabilidade, tanto por conta da base quanto pela obstrução da oposição não será tão passageiro. “Teremos um bom período de debate político para encontrar o ponto de equilíbrio que seja capaz de permitir uma estabilidade política mais sólida aqui na Câmara dos Deputados”, disse.

A oposição declarou obstrução e atribuiu as dificuldades na Câmara à falta de definição sobre temas reivindicados pelos parlamentares, como a regulamentação dos recursos para a saúde previstos na Emenda 29 (PLP 306/08) e o piso salarial de policiais e bombeiros (PECs 300/08 e 446/09). “É exatamente pela falta de enfrentamento dessas matérias, que são efetivamente importantes para a sociedade, que o governo está se vendo cada vez mais com problemas com a sua base”, opinou o líder da minoria Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG).

Requerimento
O líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), criticou a suspensão da Ordem do Dia. Magalhães Neto queria que o Plenário votasse requerimento de sua autoria convocando o ministro da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, para dar explicações sobre as denúncias de casos de corrupção no governo federal.

Segundo o líder, o ministro deve vir à Câmara para “explicar a ineficiência do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo”. Ele lembrou decisão anterior do presidente Marco Maia de colocar em votação requerimento semelhante que exigia a presença na Câmara do então ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, para explicar a evolução de seu patrimônio.

Reportagem – Carol Siqueira
Edição – Maria Clarice Dias

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