Política e Administração Pública

Dilma promete luta obstinada contra a pobreza extrema

01/01/2011 - 19:10  

Laycer Tomaz
Dilma Rousseff se emocionou ao lembrar luta contra a ditadura.

Em seu primeiro discurso depois de empossada no cargo, a presidente Dilma Rousseff dedicou neste sábado maior ênfase à sua condição de mulher e ao fato de suceder o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tratando a população com a expressão “queridos brasileiros, queridas brasileiras”, ela pediu “paz no mundo”, se comprometeu a travar uma “luta obstinada” contra a pobreza extrema e chorou de emoção duas vezes em seu discurso no Congresso Nacional: quando se declarou “presidenta” de todos os brasileiros e quando lembrou das pessoas que morreram no combate à ditadura militar (1964-1985) no Brasil.

Ao longo de 43 minutos, Dilma listou pontos que deverão receber atenção especial, como o combate à inflação; a melhoria dos serviços e dos investimentos públicos; a garantia de liberdade de imprensa, de opinião e religiosa; e a lisura com os recursos públicos. “Serei rígida na defesa do interesse público. Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. A corrupção será combatida permanentemente, e os órgãos de controle e investigação terão todo o meu respaldo para atuarem com firmeza e autonomia”, garantiu, ao falar no Congresso Nacional.

Ela dedicou a última parte do discurso a uma breve biografia: disse que dedicou a vida à causa do Brasil e lutou contra a censura e a ditadura, em busca da livre democracia e dos direitos humanos. “Entreguei minha juventude ao sonho de um país justo e democrático. Suportei as adversidades mais extremas infligidas a todos que ousamos enfrentar o arbítrio. Não tenho qualquer arrependimento, tampouco ressentimento ou rancor”, disse. “Vou governar o Brasil com coragem e carinho. Quero cuidar do meu povo e a ele dedicar os próximos anos da minha vida”, acrescentou.

A primeira saudação de Dilma foi às mulheres. Ela disse que sua eleição significou “abrir portas para que muitas outras mulheres, no futuro, possam ser presidentas”. Em seguida, agradeceu ao ex-presidente Lula, classificado como o "presidente que mudou a forma de governar e levou o povo brasileiro a confiar no futuro".

Ela também homenageou o ex vice-presidente José Alencar – que não compareceu à cerimônia de posse por estar em tratamento contra o câncer em São Paulo, mas encaminhou, neste sábado, uma mensagem de congratulação a Dilma e ao seu vice, Michel Temer, pela "brilhante vitória" na eleição. “Que exemplo de coragem e de amor à vida nos dá este homem. E que parceria fizeram o presidente Lula e o vice-presidente José Alencar, pelo Brasil e pelo nosso povo”, afirmou Dilma, sob aplausos dos presentes.

Política externa
Em relação à política externa, a presidente preferiu citar primeiro os países da América Latina e do Caribe, África e Oriente Médio, para só depois citar a disposição de aprofundar o relacionamento com os Estados Unidos e com a União Europeia.

“O Brasil reitera com veemência e firmeza a decisão de associar o seu desenvolvimento econômico, social e político ao nosso continente. Podemos transformar nossa região em componente essencial do mundo multipolar que se anuncia, dando consistência cada vez maior ao MercosulBloco econômico formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, com o objetivo de criar um mercado comum com livre circulação de bens e serviços, adotar uma política externa comum e harmonizar legislações nacionais, tendo em vista uma maior integração. A adesão da Venezuela ao Mercosul já foi aprovada por Brasil, Argentina e Uruguai mas ainda precisa ser aprovada pelo Paraguai. Chile, Bolívia, Peru, Colômbia e Equador são países associados, ou seja, podem participar como convidados de reuniões do bloco.  e à Unasul”, afirmou.

Dilma reforçou a cobrança do Governo Lula pela reforma dos organismos de governança mundial, em especial as Nações Unidas e o seu Conselho de Segurança, e criticou o terrorismo e a corrida nuclear: “Nossa tradição de defesa da paz não nos permite qualquer indiferença frente à existência de enormes arsenais atômicos, à proliferação nuclear, ao terrorismo e ao crime organizado transnacional”.

(*) Matéria atualizada às 19h32.

Reportagem – Rodrigo Bittar
Edição – João Pitella Junior

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