Política e Administração Pública

Eleição indireta de 1985 marcou o fim da ditadura militar

03/03/2010 - 20:08  

A sessão que lembrou o centenário do nascimento de Tancredo Neves foi comandada pelo presidente do Senado, José Sarney. Em 1985, Sarney foi eleito vice-presidente da República na chapa de Tancredo e assumiu a presidência em seu lugar.

Tancredo de Almeida Neves (PMDB-MG) foi escolhido pelo Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985, em eleição indireta na qual derrotou o candidato do PDS, o deputado Paulo Maluf (SP). Porém, na véspera de tomar posse, em 14 de março daquele ano, Tancredo foi internado em estado grave, no Hospital de Base de Brasília, e Sarney assumiu o cargo.

Depois de ser submetido a sete cirurgias — duas realizadas em Brasília e outras cinco em São Paulo —, o político mineiro morreu no dia 21 de abril de 1985, na capital paulista, vítima de câncer.

A eleição de Tancredo marcou o rompimento de quase 21 anos de regime militar no País, a partir de 31 de março de 1964. A chapa de Tancredo e Sarney, a Aliança Democrática, foi formada após a derrota no Congresso, em abril de 1984, da emenda Dante de Oliveira, que previa eleições diretas para presidente da República.

Biografia
Nascido em 4 de março de 1910, o advogado Tancredo Neves ingressou na política por meio do Partido Progressista, pelo qual foi eleito vereador em São João del-Rei, em 1935. Posteriormente, elegeu-se deputado estadual e deputado federal pelo Partido Social Democrático (PSD). Em 1953, foi ministro da Justiça e também ministro de Negócios Interiores.

Com a instauração do regime parlamentarista, após a renúncia do presidente Jânio Quadros, Tancredo foi nomeado primeiro-ministro, cargo que ocupou de 1961 a 1962. Em 1963, voltou a ser eleito deputado federal e depois foi um dos líderes do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido criado em 27 de outubro de 1965, a partir do Ato Institucional 2.

Esse ato decretou a extinção de todos os partidos políticos então existentes e instituiu o bipartidarismo, representado pelo MDB, de oposição à ditadura militar, e pela Aliança Renovadora Nacional (Arena), governista.

Entre 1963 e 1979, Tancredo foi reeleito deputado federal seguidas vezes. Em 1978, após a volta do pluripartidarismo, foi senador e fundou o PP (Partido Popular). Em 1983, deixou o PP e ingressou no PMDB, pelo qual foi eleito governador de Minas Gerais (1983-1984).

Foi durante esse último período, de grande mobilização política em defesa de eleições diretas para presidente, que se consolidou a candidatura de Tancredo Neves para representar os partidos de oposição ao governo, reunidos na Aliança Democrática. Tancredo era um oposicionista ao regime autoritário, porém conciliador de linha moderada e formação liberal. Devido à sua história política e por ser um conciliador, era aceito pelos militares, sem risco de retrocesso político.

Na avaliação de José Sarney, o legado deixado por Tancredo Neves frutificou: "O Brasil chegou ao final do século passado como uma das maiores democracias de massa do mundo".

Reportagem - Oscar Telles
Edição - Maria Clarice Dias
Com informações da Agência Senado

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.