Debatedores do Plano da Juventude pedem atenção ambiental

19/10/2005 - 23:02  

Durante audiência pública promovida pela Comissão Especial do Plano Nacional de Juventude (PL 4530/04), nesta quarta-feira, representantes de entidades ambientalistas criticaram o projeto por não abordar devidamente as questões relativas ao meio ambiente, que foram tema do debate.
Para a representante da Rede da Juventude pelo Meio Ambiente, Maria Thereza Teixeira, o projeto é excessivamente concentrado nas áreas de educação, saúde, esporte e geração de emprego. "Não podemos aceitar que o meio ambiente seja tratado dentro do capítulo sobre o esporte. As outras áreas são importantes, mas a preocupação ambiental do jovem merece um capítulo à parte", afirmou.
Maria Thereza acrescentou que, ao se referir ao tema, o Plano Nacional de Juventude cita apenas a reciclagem como geradora de emprego e renda, mas omite aspectos como a preservação (manutenção das características próprias de cada ambiente) e a conservação (utilização dos recursos naturais com o objetivo de preservar e renovar) ambientais.

Segundo plano
Também o representante do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Amazônico (IPDA), Robson Mesquita do Nascimento, acusou o projeto de deixar a questão ambiental em segundo plano. Ele reclamou ainda pelo fato de o projeto não ter sido discutido com a juventude da Amazônia.
Já a pró-reitora de Natureza e Meio Ambiente da Universidade da Paz (Unipaz), Regina Fittipaldi, sugeriu que o Congresso escute com mais freqüência a opinião dos jovens sobre o meio ambiente, respeitando as diferenças culturais desse segmento da população. "É preciso respeitar a multiculturalidade brasileira para que o discurso político sobre a juventude não seja estéril", alertou.
Ela também criticou o modelo educacional brasileiro por, em sua opinião, ser voltado para o consumo. "É necessário resgatar a subjetividade de todos, principalmente dos jovens, e partir de uma ecologia individual para uma ecologia social". Para Regina Fittipaldi, "meio ambiente saudável depende de pessoas saudáveis", o que desenvolve a ecologia individual e a social.

Debates nos estados
O presidente da comissão, deputado Lobbe Neto (PSDB-SP), um dos autores do requerimento que deu origem à audiência, acatou pedido dos debatedores para que a comissão realize reuniões sobre o Plano da Juventude em todos os estados. "Isso vai ser possível porque temos prazo até o final do próximo ano", explicou. "Além disso, o relator, deputado Reginaldo Lopes, não precisa entregar seu parecer às pressas."
A deputada Celcita Pinheiro (PFL-MT), que presidiu a audiência desta quarta-feira, apoiou a promoção de debates nos estados. Ela também defendeu a necessidade de que os professores sejam preparados para a educação ambiental. "Antes as pessoas eram educadas para o desenvolvimento puramente econômico, aprendendo que desenvolver era matar e derrubar. Precisamos ensinar os professores a mudar a mentalidade dos jovens nesse aspecto", alertou.
Já a deputada Ann Pontes (PMDB-PA) sugeriu a criação de uma comissão permanente da Câmara para tratar dos assuntos relacionados às crianças, adolescentes e jovens. "Assim, teremos um fórum permanente de discussão e poderemos dar atenção a todas as demandas desses segmentos", disse.

Reportagem - Adriana Resende
Edição - Rejane Oliveira

(Reprodução autorizada mediante citação da Agência)

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